Páginas

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

NOTÍCIAS DA CHÁCARA


     JABOTICABEIRAS estão florindo como nunca, os galhos estão cobertos de florada branca que elas parecem flutuar, veja a foto feita pela Dalva. E ainda há nos galhos jaboticabas  secas  da última carga! Laranjeiras novas, plantadas ano passado, também estão dando a  primeira florada, adubada com esterco e cinza, e, tardezinha, o perfume dança na brisa.
     REBROTAM os caquizeiros, os ipês, os jasmineiros e o pé de atemóia, que perdem as folhas no inverno e rebrotam com as folhinhas novas rebrilhando ao sol da manhã.   É um festim floral!
     OITI  que plantamos também rebrota , depois de ter os galhos arrancados  por sabe Deus quem, moleque brincando de destruir ou marmanjo com raiva do mundo. O oitizinho  se vinga soltando vários brotos em todo o caule, desde o chão, como se dissesse  “querem me matar mas eu quero viver”.  Dou-lhe água com  húmus de minhoca, que ele merece.
      A CASA de pintura nova. Dalva com novos óculos. A cerca do terraço reformada. Fazemos academia todo dia. O jardim flore  como  que. Tudo se renovando, graças a trabalho com alegria. Novo ano (o ano chacareiro começa com as floradas ainda em pleno inverno), novos planos, tudo caminhando com passos confiantes, tropeços certamente, mas caminhando. Sem destino nem meta, só caminhando, curtindo a  estrada.
     RODA   de fogo no ranchinho, churrasco de costelinha de porco dourando na grelha, Caetano pulando e correndo em volta da fogueira, brincando de fazer círculos no ar com tição em brasa,  como eu fazia guri. Me vejo, ele pergunta se entrou cisco no meu olho, digo que entrou  o cisco da saudade.
     BRANQUINHA  é cachorra carinhente, carente de carinho. Sento para botar as botas de borracha de lidar na chácara, ela pula no colo. Faço-lhe carinho na cabeça, no lombo, na barriga, daí ela sai em disparada pela chácara, doida de alegria. Bravo olha, nobremente  distante, mas agacho chamando, ele vem, também ganha seu carinho,  até que Branquinha ciumenta se mete entre nós. Novamente dou graças por ter duas mãos para nossos dois cachorros.
    ABACATEIRO está tão alto que não colhemos mais, mas deixamos folharada debaixo, onde os abacates caem sem se machucar. E eis suco de abacate, abacate na tigela com mel e granola, salada de abacate (sim, em pedaços com azeite, mel e ervas finas ou alecrim). E também musse de abacate. Abacatempo.
     CAETANO entrando na cozinha cedinho: - Vô, você viu que ontem brinquei na fogueira e hoje  não fiz xixi na cama? (Pedi licença a ele para botar isso aqui, ele pensou, disse ih, vô, todo mundo vai saber que fiz xixi na cama... Mas, falei, também vão saber que você virou moço, não faz isso mais. Então, ele  falou, pode botar, vô,) Galinha bota ovos no ninho, o vô bota historinhas no jornal. ( Texto do escritor DOMINGOS PELLEGRINI,  d.pellegrini@sercomtel.com.br  publicado no JORNAL DE LONDRINA, DOMINGO, 7 DE Setembro de 2014.)


Nenhum comentário:

Postar um comentário