Estes tempos em
que vivemos é fácil notar a forte presença da tecnologia no cotidiano das
pessoas, inclusive na infância. Diariamente, vemos crianças e adolescentes
divertindo-se com recursos eletrônicos, celulares, internet e games. Isso é
muito interessante, mas há muitas coisas boas que ficaram para trás e não
deveriam ser esquecidas.
Há poucos dias,
conversava com meus irmãos sobre nossas brincadeiras de criança: esconde-esconde,
bolinhas de gude, futebol de botão, corda, bilboquê, pega-pega, bate figurinha,
bola queimada, cabo de guerra, quente e frio, polícia e ladrão, pernas de pau,
soltar pipa. Ouvindo isso, minhas irmãs entraram na conversa e lembraram-se de como se divertiam: cabra-cega, estátua,
passa-anel, faz de contas, cantigas de roda, bambolê, mal me quer bem-me-quer,
telefone sem fio, lenço atrás, elástico, brincar de casinha e, claro, as
bonecas. Essa divisão entre brincadeiras de meninos e meninas era algo natural,
mas as crianças precisavam exercitar sua criatividade para poder brincar.
Morávamos numa
pequenina cidade do interior e naquela época não havia distinção entre área
urbana e zona rural, era tudo igual, os costumes, o modo de viver. A diferença
entre a cidade e a roça era a lida no campo, porque, na roça as crianças também
trabalhavam.
Eu, assim como
meus irmãos e amigos, tive uma infância maravilhosa: após os afazeres da
escola, nossa diversão era tomar banho no rio, passear de canoa, caçar
passarinhos, jogar futebol no campinho de terra, beber água fresquinha na mina,
andar nos carrinhos de rolimã, pegar frutas direto do pé, pescar lambaris no
riacho, caçar rãs no brejo, andar de bicicleta, colher pinhão.
No final da tarde, quando a fome apertava, chegando em casa
eu ia direto para a cozinha: sabia que minha mãe já tinha feito uma fornada de
pão ou um gostoso bolo de fubá, enquanto
o leite e o café ainda quentinhos no fogão à lenha.
Hoje muita gente
mora em apartamentos e a maioria das crianças fica trancada em casa enquanto os
pais estão trabalhando. Andar de bicicleta e brincar na rua ficou difícil
porque a cidade não tem locais adequados para isso, tornou-se inseguro e o trânsito é perigoso. Mas, felizmente,
ainda existem crianças que, talvez pela condição econômica, estão mais longe do
asfalto e do concreto, podendo ainda pisar a grama, subir em árvores, se sujar
de terra ou brincar como antigamente.
( Texto escrito pelo leitor Gerson Antonio Mellati, extraído da coluna DEDO DE PROSA, do suplemento Folha Rural, FOLHA DE LONDRINA, sábado,7 de junho de 2014 ).
( Texto escrito pelo leitor Gerson Antonio Mellati, extraído da coluna DEDO DE PROSA, do suplemento Folha Rural, FOLHA DE LONDRINA, sábado,7 de junho de 2014 ).
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