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sábado, 28 de julho de 2018

NOTÍCIAS QUE CAEM DO CÉU


   Passei a semana com o olho pregado no céu ou nas notícias que vêm dele. Em Marte, que para os cientistas sempre foi o caminho das pedras ou do deserto, finalmente encontraram um lago subterrâneo, com água em estado líquido, o que aumenta bastante as chances de vida no planeta. O reservatório foi encontrado no Polo Sul de Marte, trata-se de um lago com 20 km de diâmetro. 
   Marte sempre mexeu com a imaginação dos terráqueos, muitos filmes de ficção científica têm o planeta como referência de vida extraterrena. Seus habitantes sempre foram “vistos” como seres esverdeados com anteninhas na cabeça e olhar penetrante, como se estivesse permanentemente assustados. Agora, fica mais fácil imaginar outro tipo de ser vivo em Marte. Não calculo algo próximo dos humanos da Terra, mas num lago de 20 km de diâmetro, não duvido de alguma espécie aquática que se pareça com peixes, avermelhados como as nuvens que cercam o planeta que ganhou fama por sua secura. 
   Sem água, reafirmam os cientistas italianos que descobriram o lago, nenhuma forma de vida é possível. Não à toa, dizem que nós mesmos viemos do mar, fonte de toda a vida na Terra. Assim, com imaginação de ficcionista, não custa pensar que daqui a um século poderemos disputar campeonatos aquáticos com marcianos, um tipo de Olimpíada intergaláctica. Nada é impossível. 
   A outra notícia que veio do céu foi a eclipse lunar da última sexta-feira (27), considerado o mais importante do século. Durante a semana, grupos de astronomia já se preparavam para ver o fenômeno que teria início às 16h30. Mas, no Brasil, lá pelas 18 horas – com a noite chegando mais cedo no período de inverno – seria possível acompanhar, até mesmo a olho nu, o eclipse que teria como característica a cor avermelhada que deu origem ao nome dramático “lua de sangue”. Isso nada mais é que a incidência dos raios solares nos gases da atmosfera terrestre, uma vez que a Terra ficou posicionada exatamente entre a Lua e o Sol durante o fenômeno. 
   Os eclipses sempre deslumbraram ou aterrorizaram a humanidade. Durante a semana, astrólogos anunciavam “Lua em Aquário, conjunta com Marte retrógado e Sol em Leão. Todos os astros envolvidos em quadratura com Urano, pressagiando reviravoltas inesperadas, com as relações virando de ponta cabeça”. Vocês sentiram algum baque por aí? 
   Candidatei-me a uma vaga na fila dos telescópios que apontariam para o céu, às 18 horas, na Praça Nishinomyia, em Londrina. Até o momento de publicar essa coluna não sabia o que veria, mas posso contar depois. Espero que seja um espetáculo poético, sempre estive mais interessada na poesia das coisas. 
   Embora os cronistas sejam especialistas em registrar cenas urbanas, volto com facilidade meus olhos para os céus, sempre à procura de fatos astronômicos. Aprendi com meu pai que “há mais mistérios entre o céu e a Terra do que pode supor nossa vã filosofia”. Seu Antônio nunca deixou de procurar satélites ou mesmo discos voadores, e não perdia um lance de corrida espacial nos anos d 1960. Cresci procurando com ele os sinais que vêm do céu. Sempre dediquei-me mais ao infinito do que ao imediato, e não me arrependo. (FONTE: Crônica escrita por CÉLIA MUSILLI, celia.musilli@gmail.com, caderno Folha 2, página 2, coluna CÉLIA MUSILLI, 28 e 29 de julho de 2018, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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