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segunda-feira, 23 de julho de 2018

AQUI DA MINHA VARANDA


   Desse espaço de minha casa tenho uma visão privilegiada. De dia, a perspectiva é de um horizonte longínquo, quase infinito, em que o cenário se apresenta azulado e meio esfumaçado, quase que uma miragem em que a cerração distorce formas. 
   Desse modo, a movimentação que vejo é pouca, ficando visível apenas o ondulado dos campos e as plantações coesas que se apresentam nos mais diversos tons da cor verde em formas diferenciadas. 
   Porém, à noite, a amplidão dessa mesma área se transforma sendo possível visualizar muitos mais sinais de vida. 
   Dentro do negrume noturno observo, à minha direita, a presença do Distrito de Warta (nome adotado por ser de um rio da Polônia). Na mesma direção geográfica, mas à minha esquerda, percebo a presença do município de Bela Vista do Paraíso (união do povoado Bela Vista com a localidade Paraíso).
   O manto noturno ressalta, por contraste, a vida que acontece nesses espaços e em seu contorno. Assim é que, apesar do negrume, é possível eu distinguir carros que delineiam as serpenteantes estradas. O movimento se forma por conta das luzinhas amarelas que “correm” tal qual fosse um colar de contas amarelas em movimento. 
   E mostram mais. 
   Vislumbro ali a existência das duas mãos da rodovia porque à direita desse colar algumas luzes vermelhas seguem indo, enquanto que à minha esquerda, às vezes, uma outra luzinha amarela sai do percurso do “rosário” e foge para a direita ou para a esquerda, o que significa que pegaram estrada para sítios, fazendas, etc. 
   O contrário de algumas outras luzinhas se incorporam ao colar, também ocorre. 
   Dentro do véu de escuridão, avisto noa núcleos que deduzo serem as duas localidades, muitas luzes amarelas, estáticas, em linhas retas e paralelas e outras, ainda, dispersas, parecendo indicar o aglomerado do grosso central da população do distrito e da cidade. 
   Em alguns lugares, um pouco afastados desse panorama, em tempo de plantio ou de safra, vejo luzinhas amarelas que traçam um ziguezagueado incessante de lavra, o que indica serem máquinas agrícolas a trabalharem o solo ou a coletarem os frutos do trabalho dos agricultores, bem ao contrário daquilo que o dia me possibilita ver. 
   Tudo aquilo que vislumbro de dia o de noite me leva a ficar muito tempo observando da varanda, coisa que me deleita e faço muitas e muitas vezes, porque sempre há coisas novas dignas de serem notadas nesse incessante processo vital. (FONTE: Crônica escrita por MRINA I. B.POLONIO, leitora da FOLHA, página 2, caderno FOLHA RURAL, coluna DEDO DE PROSA, 21 e 22 de julho de 2018, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA). 

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