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terça-feira, 7 de novembro de 2017

A POLÊMICA REDAÇÃO DO eNEM


   As edições do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), esse gigantesco processo de seleção aplicado em todo o país, vêm acompanhadas de polêmicas. Já ocorreram fraudes e os pedidos de cancelamento são frequentes pelos mais variados motivos. Em 2017, a polêmica foi a redação e a discussão já justiça por conta da possibilidade dos corretores anularem as provas contrárias aos direitos humanos. A semana que antecedeu a primeira prova levantou o debate, depois que o movimento Escola Sem Partido entrou já Justiça pedindo a suspensão da regra do edital do exame que mandava zerar as redações que desrespeitassem os direitos humanos. O movimento saiu vitorioso em primeira instância, mas a Advocacia Geral da União e a Procuradoria-Geral da República recorreram ao Supremo Tribunal Federal. No sábado (4), véspera do Enem, a presidente da maior instância do poder judiciário brasileiros, ministra Carmen Lúcia, manteve a decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, concordando que as redações não poderiam levar nota zero por desrespeitar direitos humanos. No ano passado, 4.805 redações do Enem foram “zeradas” por este motivo. O tema daquela edição foi “Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil”. A exigência de direito aos direitos humanos faz parte dos critérios de correção do concurso desde que ele foi criado, em 1998. Mas só agora, a medida veio a público e a discussão calorosa que gerou merece uma profunda reflexão. A ideologia não deve ser motivo de eliminação na redação e os corretores precisam adotar uma interpretação imparcial. Mas qual nota merece receber o candidato que, por exemplo, adota um discurso de ódio, defende práticas violentas contra a mulher ou a intolerância religiosa? Liberdade de expressão é importante, assim como a responsabilidade de opinar, criticar e defender um ponto de vista. A vida em sociedade implica em respeito e na consciência de que as palavras e as ações geram um efeito. (OPINIÃO, opinião@folhadelondrina.com.br página 2, terça-feira, 7 de novembro de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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