PRIMEIRA DERROTA DE TEMER NA CCJ

   Considerando que há indícios suficientes, o advogado Sérgio Zveiter apresentou parecer favorável à admissibilidade da denúncia pelo crime de corrupção passiva contra o presidente Michel Temer . Para Zveiter, que é do mesmo partido do presidente, o PMDB, a denúncia apresentada pela Procuradoria Geral da República não é fantasiosa e deve ser investigada. O deputado é o relator do processo que analisará a aceitação, ou não, da denúncia. Temer é acusado de ter recebido R$ 500 mil de propina do frigorífico JBS, usando o paranaense Rodrigo Rocha Loures como intermediário. A história já é bastante conhecida e envolve a polêmica gravação feita por Joesley Batista, dono da JBS, em um encontro com o presidente no Palácio do Jaburu. O parecer de Zveiter foi lido nesta segunda-feira (10) na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), primeira etapa do trâmite da denúncia na Câmara dos Deputados. O relator frisou que não cabe à CCJ condenar os acusados, apenas indicar se o processo deve ser instaurado. Para ser aberto, ele precisa passar primeiro pela CCJ. Lembrando que a base governista já está se articulando para tentar salvar o mandato de Temer nesta etapa. Para tanto, foram remanejados na última semana 20 membros do colegiado. Com as mudanças, há grandes chances de Temer vencer por 38 a 28. Mas, se passar pela CCJ, a abertura do processo deverá ser votada em plenário. E mesmo assim será preciso obter o aval de dois terços dos deputados, ou seja, 342 dos 513. Só depois a matéria chega ao Supremo Tribunal Federal, onde, 1 ministros terão que acatar a denúncia. O combate à corrupção no Brasil envolve investigar as denúncias, mesmo que sejam contra o presidente da República. Essa situação de corrupção sistêmica impôs ao brasileiro viver sob uma ditadura da corrupção. E, infelizmente, não se percebe preocupação rigorosa dos presidentes da República em mudar esse cenário. (OPINIÃO, página 2, terça-feira, 11 de julho de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).