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quarta-feira, 28 de junho de 2017

TEMER PARTE PARA O ATAQUE


   Um dia após ser denunciado por corrupção passiva, o presidente Michel Temer usou a estratégia que já é comum a muitos denunciados que se veem acuados, partindo para atacar os acusadores. Em 16 minutos de pronunciamento, frente a uma plateia formada por apoiadores, o peemedebista disse que a denúncia apresentada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, é uma “ficção”, ou “drama de novela”. Também o acusou de reinventar o Código Penal ao incluir denúncia por ilação. Ainda colocou o procurador sob suspeita, insinuando que ele recebeu dinheiro da JBS. No pronunciamento Temer disse que está sofrendo um ataque “injurioso, indigno e infamante” à sua dignidade pessoal. A acusação de Janot está baseada nas investigações iniciadas a partir do acordo de delação premiada da JBS. É a primeira vez que um presidente no exercício do seu mandato é denunciado ao STF (Supremo Tribunal Federal) por corrupção. Quanto à gravação da conversa que teve com o empresário Joesley Batista, Temer afirmou que o áudio é uma prova ilícita e não pode ser aceita pela Justiça. Sobre o que acontecerá daqui para a frente, há alguns cenários sendo desenhados por especialistas, mas a maioria ainda aposta pela conclusão do mandato – o julgamento da chapa Dilma/Temer no Tribunal Superior Eleitoral, no início de junho, só reforça a tese. A denúncia de Janot foi enviada ao ministro Edson Fachin, relator da investigação envolvendo o presidente, e só poderá ser analisada pelo Supremo após passar pela aprovação de 342 deputados federais. Os sinais de indignação frente a denúncia inédita a um chefe de estado no poder são tímidos. Muito diferente dos grandes protestos de 2015 e 2016 nas ruas de muitas cidades. O brasileiro recebeu a notícia do indiciamento na noite de segunda-feira, aparentemente já anestesiado com tantos escândalos que maltratam a imagem do País e parecem jogar ainda mais para longe uma solução para essa crise política. (OPINIÃO, página 2, quarta-feira, 28 de junho de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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