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quarta-feira, 28 de junho de 2017

OURO VERDE SALVO DE VIRAR BANCO


   Agora que o Teatro Ouro Verde será reaberto, achei oportuno contar a história que livro essa casa de espetáculos de virar banco. Particularmente, entro no caso, e não posso negar que com um certo ufanismo. Ocorre que o outrora cineteatro já estava com o contrato pronto para ser vendido ao Banco Itaú, que sediaria ali mais uma de suas agências. Na época eu comandava a chefia editorial da Folha de Londrina e, informado da iminência dessa transação, tive uma reação de inconformismo e achei que devia intervir. A função me dava algum poder de influência e decidi que deveria usá-lo. 
   Cleto de Assis mudara-se de Brasília para cá para assessorar Oscar Alves, reitor da Universidade Estadual de Londrina. Jornalista e artista plástico, Cleto passaria a atuar também na FOLHA, e foi aí que o conheci. Oscar era genro de Ney Braga, ministro da Educação, ex-governador e poderoso líder político, partidária de Jaime Canet, que então governava o Paraná. Apressei-me a pedir a Cleto que informasse Oscar do iminente negócio com o banco. Oscar então moveu Ney e este moveu Canet, sugerindo ao governador que adquirisse o histórico imóvel para a Universidade. Estabeleceu-se uma corrente, a negociação com o banco acabou suspensa e o Ouro Verde passou para a UEL. A propriedade pertencia a Celso Garcia Cid, notável pioneiro de tantas realizações e que tivera um dia a ideia de construir na nascente Londrina esse cinema, que seria a mais luxuosa casa de gênero no Brasil. Eram seus sócios Jordão Santoro e Angelo Pesarini.
   Das confabulações, consta que Ney Braga, sugestionado por Oscar, ligara para Neco Garcia Cid, filho de Celso, pois o patriarca já havia falecido, mencionando o interesse de o Ouro Verde ser adquirido pelo governo e ser transferido para a Universidade. Tal viria a acontecer. O valor do negócio com o governo não foi revelado. O que sabe é que Ney sugeriu a Canet que entrasse com a metade e que ele, Ney (ao afirmar-lhe que voltaria ao governo do Estado) pagaria o restante. O resultado final foi que o cineteatro não virou agência bancária e aí está, são e salvo. (FONTE: WALMOR MACCARINI, jornalista em Londrina, página 2, coluna ESPAÇO ABERTO, quarta-feira, 28 de junho de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA). * Os artigos devem conter dados do autor e ter no máximo 3.800 caracteres e no mínimo 1.500 caracteres. Os artigos publicados não refletem necessariamente a opinião do jornal. E-mail opinião@folhadelondrina.com.br).

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