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segunda-feira, 8 de maio de 2017

VAMOS FALAR MAIS BAIXO

   “EI, VAMOS FALAR MAIS BAIXO?” Esse é um convite que vivo fazendo aos meus filhos. Demora um tempo até eles modularem o próprio tom e descobrirem que não é preciso gritar para se fazer ouvir. O que acho mais interessante, no entanto, é a percepção de que nem sempre a gente precisa necessariamente elevar o tom para chamar a atenção. É possível fazer isso pelas roupas, pelas atitudes. Sempre digo que VIDA SIMPLES, por exemplo, nunca grita. Enquanto as outras revistas parecem pular na sua frente para chamar a atenção com muita informação, VIDA SIMPLES traz uma única imagem (pequena) e uma chamada de capa. Não tem exclamação ou letras garrafais. É uma conversa, sempre. Baixar o tom, afinal, tem a ver com aprender a ouvir, nem que seja a gente prestar atenção em nós mesmos. Porque quando você eleva a voz é como o leite que ferve e cai pra fora. O grito pode ser algo que ferveu dentro de você. É a sua maneira de ver e estar no mundo, e isso pode não ter nada a ver com o outro: é a busca da perfeição num mundo imperfeito; é a incompreensão; é a dor real ou imaginária; é a dificuldade em validar a razão do outro e aprender a lidar com os incômodos que isso causa. Nessa reportagem sobre o grito, o jornalista Gustavo Ranieri fala baixo o tempo todo. Para ser ouvido. E esse é o maior aprendizado de seu texto. Leia com tempo, em silêncio e quando os sentimentos não estiverem gritando dentro de você. Tem muita coisa boa nas próximas páginas. Uma delas calou meu coração: a história dos aprendizados da carioca Ana Signorini após a morte do pai. Depois me conte o que achou. Beijos.
Ana Holanda, editora. (FONTE: Página 4, CARTA AO LEITOR, REVISTA VIDA SIMPLES- ABRIL 2017, Editora CARAS, IMPRESSA NA GRÁFICA ABRIL- SP).

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