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quinta-feira, 4 de maio de 2017

JOGOS PROMOVEM INTERAÇÃO E SOCIALIZAÇÃO

Segundo professor, jogos de tabuleiro estão voltando a despertar o interesse nas pessoas em razão da impessoalidade dos jogos digitais 

   Projeto de extensão da UTFPR ajuda os estudantes a fazer amigos e a desenvolver habilidades motoras e emocionais
   Muito mais que diversão, os jogos de tabuleiros podem ser métodos bastante eficazes para promover a sociabilização e a integração entre os competidores. Deixar a casa dos pais e viver distante da família e dos amigos para cursar uma faculdade muitas vezes é um período difícil e de isolamento e que para um adolescente tímido torna-se ainda mais complicado. Um projeto de extensão criado no campus de Cornélio Procópio (Norte Pioneiro) da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) ajuda os estudantes a fazerem amigos e a desenvolverem habilidades motoras e emocionais por meio de atividade lúdica. 
   O projeto de extensão que utiliza os jogos de tabuleiro como ferramenta de ensino foi idealizado pelo professor do curso de Engenharia Mecânica da UTFPR em Cornélio Procópio Maurício Iwana Takano e começou a funcionar no campus da instituição no Norte Pioneiro em novembro de 2016. Agora, conta com a parceria do também professor de Engenharia Mecânica André Luís da Silva, que atua no campus em Londrina. “O projeto é uma complementação do que se aprende em sala de aula”, disse Takano. 
O evento Board Games, que reúne alunos e pessoas da comunidade externa, é realizado todos os meses
   Como parte do projeto de extensão, o professor criou o evento Board Games, que reúne alunos e pessoas da comunidade externa pelos jogos de tabuleiro. O evento acontece um sábado a cada mês. O primeiro foi organizado em novembro de 2016, em Cornélio Procópio, e reuniu aproximadamente 70 pessoas. Na sexta edição, no último sábado (29) , realizada em Londrina, foram registrados 160 participantes. “Os jogos que disponibilizamos são jogos comuns e a gente se baseia na teoria do Howard Gardner (psicólogo norte-americano), onde cada um deles desenvolve três ou quatro habilidades diferentes no jogador. É a teoria das inteligências múltiplas”, explicou Takano. 
    “ Eu já reparo que alguns alunos que são mais tímidos começam a ter uma interação maior com os colegas porque ele está participando dos jogos e desenvolvendo a sociabilidade ao mesmo tempo”, destacou André Luís da Silva. “O projeto também auxilia no trabalho em equipe e traz ganhos não só para a vida acadêmica como também para a vida profissional.” O professor ressalta ainda a capacidade do projeto de propiciar uma interação entre as comunidades internas e externas, já que o evento de Board Games que acontece mensalmente é aberto também à comunidade externa. “A universidade tem que pensar em dar uma atividade para a comunidade interna e externa. É a nossa contribuição para a comunidade.”
   Segundo Takano, os jogos de tabuleiros estão voltando a despertar o interesse nas pessoas em razão da impessoalidade dos jogos digitais “As pessoas começam a sentir falta desse contato. Nos Estados Unidos e na Europa, faz uns sete ou oito anos que os jogos de tabuleiros começaram a voltar. Aqui no Brasil temos menos tempo, uns quatro ou cinco anos. Aqui esse retorno começou meio discreto, mas vem crescendo bastante. Quando a gente começou o projeto, muitas pessoas achavam que estavam sozinhas, que o interesse era só delas, mas aí viram que havia muitas pessoas interessadas na mesma coisa.”

   TEMAS

  Os temas dos jogos fazem parte do universo geek, como o filme Star Wars, e clássicos do videogame que vieram para o mundo real, como o Tetris, que originou o jogo de tabuleiro Jenga Tetrix, mas também tem o popular jogo da velha. “São jogos que demoram de dez minutos a quatro, cinco horas cada partida”, ressaltou Takano. 
   Alguns dos destaques do Board Games do último sábado foi o King of Tokyo, um jogo gigante no qual os participantes são, ao mesmo tempo, jogadores e personagens, e o Escape Room, onde uma equipe é presa em uma sala da qual só consegue sair após desvendar todos os enigmas. Para isso, os jogadores têm de usar a criatividade, o raciocínio e a intuição e o tempo é cronometrado. São apenas 30 minutos para solucionar o mistério e encontrar a saída.    “A dificuldade maior é que há muitas informações e a gente não sabe o que é útil para sair. É meio complicado”, comentou Douglas Cavalcante, aluno do quinto período de Engenharia de Produção, que junto com outros quatro amigos tentou, em vão, sair do Escape Room. 
   Estudantes do segundo semestre de Engenharia da Computação na UTFPR em Cornélio Procópio, Lucas do Prado conta que as atividades acadêmicas tomam muito seu tempo durante a semana e sobram poucas horas livres para o lazer e a diversão. Com o evento Board Games, que surgiu no rastro do projeto do projeto de extensão do professor Takano, ele tem oportunidade de se reunir com os amigos e deixar a imaginação correr solta. 
   No último fim de semana, um grupo de estudantes de Cornélio Procópio veio para Londrina para participar da primeira edição do Board Games realizada fora do campus do Norte Pioneiro. Lucas era um deles e estava ansioso para começar, junto com mais três amigos, uma rodada do Zombicide, o preferido deles e que consiste em um jogo de zumbis no qual o objetivo é escapar vivo e com suprimentos. “São muitos jogos, muita variedade e a gente fica o dia todo jogando, Participo de todos os eventos e é muito divertido. Durante a semana não dá para jogar porque a gente fica focado nos estudos, mas quando a gente vem aqui. Fica até à noite. É muito divertido”, comenda o estudante. ( SIMONI SARIS – Reportagem Local, página 3, caderno FOLHA CIDADES, quarta-feira, 3 de maio de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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