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domingo, 28 de maio de 2017

CIRCO FUNCART SE DESMANCHA COM DANÇA

 A velha lona que abrigou tantos espetáculos está sendo desmontada para dar lugar à construção de um teatro de contêineres; Ballet de Londrina se despediu do local 
   Após construir uma história de amor e cumplicidade com a cultura londrinense que já dura 20 anos, o Circo Funcart está se despedindo da cidade. Palco de espetáculos memoráveis que recebeu artistas locais das mais variadas vertentes e algumas das companhias de dança e teatro mais importantes do mundo, o circo sairá de cena em breve, mas não abandonará seu legado. A velha e danificada lona será desmontada para dar lugar a um novo e inovador teatro de contêineres. 
   “No ano passado a gente iniciou uma campanha coletiva para revitalizar o circo. No entanto, chegamos a conclusão de que a reforma teria um prazo de vida útil muito curta, já que uma lona nova dura uma média de apenas cinco anos e continuaríamos enfrentando problemas em relação a técnicas de segurança, como o risco de incêndio. Então resolvemos dar uma repaginada geral e investir nesse novo projeto”, explica o diretor de Dança da Funcart, Leonardo Ramos. 
   Segundo ele, a nova proposta traz um conceito de arquitetura sustentável e moderna. “ A ideia é construir uma sala de espetáculos com capacidade para até 300 lugares na plateia, cem a mais do que temos hoje. E do lado de fora criar um jardim que funcione como uma área de convivência e possa ser aproveitado pelas pessoas que sejam circular por aqui, ler um livro ou apenas passar o tempo. E do lado de dentro teremos um espaço mais amplo, seguro, confortável e acessível”, enfatiza. 
   Ramos relata que a ideia do teatro de contêineres surgiu de forma inusitada. “Durante reuniões com representantes da secretaria municipal de Cultura e de Obras da prefeitura e do Escritório Modelo de Arquitetura e Urbanismo (Ocas) da UEL (Universidade Estadual de Londrina), alguém deu essa sugestão que na hora passou batida, mas acabou sendo reavaliada. Engraçado isso porque a proposta do Circo Funcart também teve surgiu de forma parecida. Em 1997, o Teatro Ouro Verde teve problemas no teto e teve de ficar fechado por um período de aproximadamente três anos. Diante da falta de palcos na cidade, acabei brincando que gostaria de ter um circo para me apresentar e essa piada acabou sendo levada adiante”, diverte-se. 

      RENOVAÇÃO
   A construção do teatro de contêineres está orçado em cerca de R$ 200 mil. Até o momento, a Funcart conseguiu levantar um montante de R$ 73 mil para a realização do projeto. “No finla do ano passado, promovemos uma ação entre amigos na qual seria sorteada uma mota Honda CG 125iFAN. A ganhadora da promoção acabou doando o prêmio para que a gente conseguisse aumentar a arrecadação. Agendamos um novo sorteio para o dia primeiro de julho e as pessoas que colaborarem com R$ 10 estarão concorrendo à moto. Interessados podem aderir à campanha por meio do telefone da Funcart (43) 3342-2362, As pessoas físicas também poderão colaborar cedendo para a gente notas fiscais sem sem a inclusão do CPF. Além disso vamos buscar patrocínio junto ao patronato local”, informa Ramos. 
   A demolição do circo foi iniciada no mês de janeiro deste ano e deve ser concluída dentro de algumas semanas. A direção da Funcart estima que até o mês de Outubro teatro de contêineres esteja pronto. 

      NOVO ESPETÁCULO É UMA ORAÇÃO
Novo espetáculo do Ballet de Londrina, ainda em fase de gestação, é impactante como outros trabalhos de Leonardo Ramos 
   A história de encenações do Circo Funcart teve seu espisódio final na manhã da última quinta-feira (25). O cenário caótico da demolição do espaço cultural foi usada como cenário para um ensaio aberto à imprensa e convidados do mais novo espetáculo do Balé de Londrina. “Uma Oração pelo Fim do Mundo” é o título da 26ª montagem do premiado grupo londrinense. “Esse é o espetáculo mais pessoal e denso que já criei. É um recorte de várias fases da minha vida e um retrato da minha descrença na humanidade, que tem comprovado ser o único animal irracional do planeta. Estou levando para o palco temas atuais que reforçam essa minha visão como guerra, bullying, homofobia, feminicídio e intolerância religiosa”, salienta Leonardo Ramos, diretor do Ballet de Londrina. 
   Ainda em fase de “gestação”, o novo espetáculo marca o rompimento de Ramos com o estilo que se tornou sua marca registrada. “Acabei desenvolvendo uma técnica de dança horizontalizada, mas desta vez coloquei os bailarinos para dançarmais em pé. Acho que o artista não pode se acomodar. A gente tem que correr riscos o tempo todo”, diz o diretor. 
   Segundo ele, o espetáculo deve estar pronto dentro de algumas semanas. “Ainda estou fazendo alguns ajustes. Estou naquela fase em que consegui passar a emoção para a pele dos bailarinos, mas ainda vamos alcançar o osso. É um trabalho intenso em que determinados momentos os bailarinos se portam como atores. São 14 bailarinos em cena e respeitar as diferença de idade, crenças e técnicas é um grande desafio”, conclui Ramos ao informar que ainda não há data prevista para a estreia do espetáculo. (M.R.) (MARCOS ROMAN – Reportagem Local, página 4, caderno FOLHA 2, 27 e 28 de maio de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).  

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