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quinta-feira, 4 de maio de 2017

A SOLTURA DE DIRCEU E O FUTURO DA LAVA JATO


   A saída do ex-ministro José Dirceu da cadeia gerou protestos e manifestações contra e a favor do petista que já foi condenado a 32 anos de prisão pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa em duas ações penais da Operação Lava Jato. A decisão de mandar soltar o ex-ministro de Lula foi tomada na última terça-feira (2) pela Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), por 3 votos contra 2. É, certamente, a maior pancada contra a Lava Jato, desde que a força tarefa do Ministério Público Federal (MPF) foi criada, três anos atrás. O julgamento do habeas corpus aconteceu poucas horas depois o MPF apresentou a terceira denúncia contra Dirceu, que o apontou como beneficiário da lavagem de R$ 2,4 milhões. Outro sinal de que a Lava Jato perde força está na liberdade de outros três presos nas últimas semanas: o ex-tesoureiro do PT João Claudio Genu e os empresários José Carlos Bumlai e Eike Batista. Dirceu deixou o Complexo Médico-Penal de Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, na tarde desta quarta-feira (3), e agora está usando uma tornozeleira, depois de ficar quase dois anos preso em regime preventivo. A liberação de Dirceu é um revés forte para a força-tarefa do MPF porque o petista continuou praticando crimes, mesmo depois de condenado pelo Mensalão e enquanto a Lava Jato já estava em andamento. A reação dos procuradores federais foi dura. Deltan Dallagnol afirmou que a soltura do ex-ministro foi incoerente e citou casos em que a Segunda Turma do STF decidiu manter prisões preventivas. O coordenador da força-tarefa resumiu o sentimento de muitos brasileiros que temem pelo enfraquecimento da Lava Jato. “Nossas esperanças foram frustradas. Fica um receio”. A questão agora é se a soltura de Dirceu pode significar uma mudança de caminho nas decisões da Corte máxima em relação às prisões preventivas determinadas pelo juiz Sérgio Moro. Antes o Supremo confirmava essas decisões. Mas agora há o risco delas serem rejeitadas. Sim, há motivos, para preocupação, pois essas tendências podem significar o enfraquecimento da Lava Jato. (OPINIÃO, página 2, quinta-feira, 4 de maio de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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