Páginas

sábado, 8 de abril de 2017

O MÉDICO QUE CRIA CAPRINOS

Rodrigo Truffa, de Jundiaí (SP), entrou na atividade após ganhar uma cabra de presente de um paciente: "Quero me tornar uma referência em genética de caprinos"

   Com um rebanho de 140 animais, cardiologista atua com genética de ponta, com transferência de embriões e inseminação artificial
   Eles ainda não estão na ExpoLondrina com rebanhos enormes, mas certamente os caprinos já levam ao Parque Ney Braga histórias bem interessantes. É o caso do médico cardiologista Rodrigo Augusto Meirelles Truffa, de Jundiaí (SP), que há sete anos ganhou uma cabra de presente de um paciente e gostou tanto do animal que resolveu desenvolver a atividade. Uma paixão tão avassaladora na família que o Capril Truffa, localizado em Cabreúva, se tornou uma atividade excelência da raça Anglonubiana. Hoje ele conta com um rebanho de 140 animais e atua com genética de ponta. Com transferência de embriões e inseminação artificial, inclusive comercializando com criadores de referência pelo País. 
   Rodrigo é a prova de que a caprinocultura conquista novos criadores e tem potencial enorme de crescimento. Hoje, no Paraná, são aproximadamente 151,1 mil cabeças, o que coloca o Estado em 8º lugar no ranking nacional. Na ExpoLondrina é possível perceber a proporção com os ovinos: são quase 10 ovinos para um caprino. 
   Truffa relembra que o investimento inicial foi grande, afinal, rodou diversas propriedades na busca por animais de ponta. Ele percebeu, entretanto, que para que o capril desse retorno significativo, teria que trabalhar com genética de forma rigorosa. “No início, pegava um macho e ia melhorando meu rebanho gradualmente. O leite que produzia eu não vendia, dava para um vizinho, a família fazia queijo e os animais que nasciam eu acabava vendendo barato”, conta.
   Há três anos ele mudou a estratégia: comprou sêmen de animais premiados e agora está montando um laboratório de melhoramento genético da raça. “Agora os criadores tradicionais e renomados do Nordeste, por exemplo, me procuram. Eles vêm buscar genética em minha casa. Os animais me dão um retorno maior, consigo comercializá-los por um preço mais elevado e, como o capril se tornou uma marca, o pessoal vai buscar essa genética em minha casa”, afirma. 
   O criador relata que hoje consegue atender tanto o pessoal com rebanhos voltados para a produção quanto para a genética. Para o futuro, a ideia de Rodrigo é especializar ainda mais os animais de seu capril. “Meu objetivo é sair de 140 animais para metade disso, focando em qualidade. Quer me tornar uma referência em genética de caprinos”, planeja. 
  Em relação ao manejo dos animais, o criador relata que “criar cabra é a coisa mais fácil que existe”. “É um animal bem resistente, precisa apenas de cuidados normais com vacinas, vermifugação e também ao seu bem-estar. Ele não gosta de tomar chuva, então se tiverem um local para se abrigar, não há problemas para eles. Eles comem de tudo, por isso é preciso ter cuidado com as roupas no varal”, brinca o criador. 
   PARA A ATIVIDADE CRESCER, INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL 

   Para sair de uma produção quase amadora e atingir verdadeiro profissionalismo no segmento, a inseminação artificial acaba sendo uma ferramenta fundamental na produção de ovinos e caprinos. Se quando se trata de bovinocultura a técnica está praticamente arraigada no sistema, no caso de ovinocaprinocultura ainda engatinha. Sem esse investimento de forma sequencial, o País vai continuar patinando na produção desses animais, ocupando hoje o modesto 22º lugar no ranking mundial. 
   Técnicas estão sendo desenvolvidas para aperfeiçoar e baratear a inseminação artificial nas matrizes. Com elas, é possível pagar R$ 50 por uma dose de sêmen de um campeão nacional. Investimento ínfimo perto do retorno que pode ser gerado. 
   Com os caprinos, uma ferramenta importante é a inseminação transcervical, bem menos invasiva e mais barata do que a laparoscopia, cujo animal precisa passar por uma cirurgia. O médico veterinário Matheus Guimarães Rodrigues expelica que através da transcervical é possível realizar a transposição do cérvix (anéis cartilaginosos) e chegar no interior do útero para a deposição do sêmen, sem cirurgia e muita eficiência na prenhez. 
   “Hoje, pensando apenas em material, o custo com a cervical seria pelo menos dez vezes menor. Outro ponto interessante é que não é necessário um médico veterinário para realizar a técnica, ao contrário da laparoscopia.”
   Ele acredita que a técnica vem com um facilitador para que criadores tenham tranquilidade em utilizar sêmen de animais geneticamente superiores no seu rebanho através de um “custo baixo e mão de obra que não necessita de tanta especialização”. (V.L.) (VICTOR LOPES – Reportagem Local, página 7, caderno FOLHA RURAL, sábado, 8 de abril de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

Nenhum comentário:

Postar um comentário