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sábado, 22 de abril de 2017

COMUNIDADES NO MUNDO URBANO - Editorial


   Quando percorremos a Sagrada Escritura, vemos que, desde o início, Deus quis formar um povo. Vemos também como Deus conduziu e amparou o seu povo nos momentos difíceis. Por sua vez, Jesus também reuniu uma comunidade de seguidores, caminhou com eles, inspirou-lhes uma nova forma de viver e lhes confiou a responsabilidade de continua a Sua missão no mundo. As Sagradas Escrituras nos revela um Deus que é comunidade e quer que seus filhos também em comunidade. O Deus comunidade quer que também nós sejamos comunidade. 
   Em nossos dias, no entanto, o ideal da vida em comunidade encontra-se fragilizado pelas ondas do individualismo crescente. Cada um parece por demais preocupado apenas consigo mesmo, voltado apenas para os próprios interesses. Isso enfraquece o espírito de comunidade e a própria comunidade. Estudos têm apontado para uma “sociedade líquida” ou “fluída”, para indicar a dificuldade de formação de laços de unidade, bem como para denunciar a fragilidade dos laços que se formam. Assim nós, como Igreja, não deixamos de sofrer as influências e as consequências das transformações sociais. Também em nossas comunidades e grupos eclesiais há uma espécie de enfraquecimento do sentido de pertença. Há um enfraquecimento da vida de comunidade. 
   O ambiente da cidade parece ser ainda mais desafiante para a vivência comunitária. As pessoas estão próximas fisicamente umas das outras, moram nos mesmos prédios ou condomínios, esbarram umas nas outras pelas praças e ruas, mas não se conhecem, nem mesmo conhecem seus vizinhos. Vivem as mesmas situações, como a agitação e a correria das cidades, convivem com o aumento da violência e até partilham do drama da solidão. Mas cada uma em seu mundo particular. E, não raro, parece que todos desconfiam de todos...
   Essa situação não se restringe aos habitantes das grandes cidades. O fenômeno dessa urbanidade, ou seja, esse jeito de ser do cidadão da cidade, propaga-se pelos meios de comunicação e pelas redes sociais e é partilhado também por muitos que moram também no interior. “As pessoas tecem suas próprias convicções, procura um jeito de viver no seu mundo particular o mais possível independente dos outros. Isso enfraquece os laços da vida em comunidade, sobretudo os laços de comunidade geográfica. Ou seja, a vivência da comunhão entre os vizinhos ou moradores de uma mesma localidade. 
   Nós acreditamos que Deus continua nos convocando para a vida em comunidade. A nossa fé cristã é essencialmente uma fé comunitária. A pessoa que crê, o fiel que acredita em Deus é chamado a expressar a sua fé em comunidade. Deus é comunidade e é na comunidade que ele se revela e se deixa encontrar: “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, aí estou no meio deles”(Mt 18,20). Temos a missão de buscar luzes que iluminem e que nos ajudem a abrir caminhos para a vida de comunidade no nosso mundo urbanizado. Ajudar a reencontrar o Deus que habita em nós e nos quer em comunidade nesse mundo de hoje.
   E isso é pra começo de conversa!][ FONTE: IR. DENILSON MARIANO, SDN,
Editorial
da Revista O LUTADOR, ABRIL 2017, olutador.com.br).

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