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quinta-feira, 13 de abril de 2017

CERCO POLÍTICO


   A abertura dos 83 inquéritos contra ministros, deputados, senadores, governadores e outros políticos citados na delação dos executivos e ex-executivos da Odebrecht determinada na última terça-feira pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), fecha o cerco político de diversas esferas do Poder da República. A chamada “lista de Fachin” inclui oito ministros do governo Temer, 24 senadores e 39 deputados federais, entre eles os presidentes do Senado Eunício Oliveira (PNDB-CE), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Esses políticos fazem parte do rol de 108 alvos dos 83 inquéritos que a Procuradoria-Geral da República (PGR) encaminhou ao Supremo Tribunal Federal (STF) com base nas delações dos 78 executivos e ex-executivos do Grupo Odebrecht, todos com foro privilegiado no STF. Os pedidos da PGR estavam sob sigilo, mas Fachin derrubou o pedido do procurador-geral Rodrigo Janot. Ao tornar as delações públicas, o relator da Lava Jato no STF destacou que a Constituição “prestigia o interesse público à informação”. E é claro que toda sociedade brasileira quer saber o que acontece nos bastidores da política bem como a corrupção que praticamente destruiu a Petrobras. PT, com 21 nomes, e PMDB, com 18, são os partidos com maior número de filiados citados nos pedidos de abertura de inquérito. O PSDB, do senador mineiro Aécio Neves que também será investigado, vem em terceiro lugar com 12 nomes. Curiosamente em suas delações os executivos da Odebrecht mencionaram os cinco ex-presidentes da República ainda vivos: José Sarney (PMDB), Fernando Collor (PTC), Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Dilma Rousseff (PT). À exceção de Collor, que cumpre mandato de senador, os demais não possuem mais foro especial e Fachin enviou os pedidos a instâncias inferiores. O Presidente Michel Temer é citado na lista, porém não há pedido de investigação contra ele, por ter “imunidade temporária”. Se a divulgação da lista de Fachin estarreceu o País, caso a investigação do STF comprove os relatos da “delação do fim do mundo” da Odebrecht, sobrarão poucos políticos isentos para disputar as eleições de 2018. Resta saber se nossa Justiça dará celeridade que o caso requer ou se teremos um replay do julgamento do mensalão. (OPINIÃO, página 2, quinta-feira, 13 de abril de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).  

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