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quinta-feira, 9 de março de 2017

CONVERSÃO E FRATERNIDADE



   Temos assistido a uma onda crescente de violência em outro país. Para citar alguns fatos, vimos as rebeliões nos presídios do Maranhão, onde o povo não podia sair às ruas ou usar o transporte coletivo, muitos ônibus foram incendiados a mando de esquadrões do crime. Vimos as rebeliões nos presídios de Manaus, a fuga de muitos presos e, o pior, a chacina com esquartejamentos brutais, uma verdadeira carnificina. 
   Agora presenciamos a onda de violência que tomou conta do Estado do Espírito Santo com a greve dos policiais. Além dos saques às lojas e residências e a insegurança geral, mais de cem pessoas foram mortas. E, ao ler essas linhas, outras situações de violência, com certeza, visitam a mente do nosso leitor. Esquecemos que somos todos irmãos. (cf. Mt 23,8).
   A fraternidade, tão em baixa nestas situações, somente é possível através de um caminho de conversão. Somente a volta para Deus, somente a recuperação de nossa imagem e semelhança com o Criador, pode ajudar-nos a reconhecer que somos irmãos e irmãs uns dos outros. É preciso conversão para que haja fraternidade. 
O período da Quaresma é um tempo propício à conversão. Somos convidados a contemplar o Mistério da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor e, à luz deste Mistério, recuperar os eixos centrais do nosso seguimento a Jesus Cristo para os dias de hoje. Não raro, corremos o risco de ter uma boa participação nas práticas cristãs como missas, reza do terço, procissões, louvores, mas desenvolver pouco as práticas cristãs como descritas no relato do julgamento final em Mateus 25. Falta-nos a Fraternidade com F” maiúsculo, essa capacidade de viver como verdadeiros irmãos , neste jardim de Deus que é nosso Planeta. 
   A Igreja do Brasil, todos os anos, nos convida a um exercício prático e sincero de conversão. E já é a sétima vez que retoma ao tema do cuidado com o meio ambiente. Em 1979, a Campanha “Preserve o que é de todos” já acenava para essa necessária conversão ao cuidado com a preservação da vida no Planeta
   Nesses quase trinta anos, a situação de depredação, de poluição e de destruição dos recursos naturais cresceu assustadoramente. Muitos cientistas fazem alerta até calamitosos, já não acreditam em uma mudança de rota da parte da sociedade dominada pela lógica do lucro e do consumismo. O Papa Francisco, na Encíclica Laudato Si’, faz um apelo veemente a esse cuidado com a nossa Casa Comum. 
   O cuidado com o planeta e o cuidado com a vida do irmão são uma missão que Deus nos deixou. São os dois lados de uma mesma moeda. Somos partes da natureza, espalhados em diversas comunidades de vida, (= biomas) e a nossa vida depende da preservação dos recursos naturais. Temos de desenvolver práticas de consumo e de ocupação do solo de forma sustentável, capazes de garantir não apenas para nós, mas para as gerações futuras, os recursos que hoje desfrutamos. 
   Um ninho de vida é o Planeta, e a Terra é uma Casa Comum. Todos dependem de todos e o nosso destino é só um. Procure abraçar esta Campanha da Fraternidade como caminho de real conversão. A conversão é o caminho para a garantia da vida sobre a Terra e para a necessária e urgente superação da violência. 
E isso é pra começo de conversa!] (FONTE: IR. DENILSON MARIANO, SDN, Editorial da revista O Lutador, Gráfica e Editora O Lutador, Belo Horizonte, MG, Março de 2017).

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