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quarta-feira, 22 de março de 2017

A QUALIDADE DAS RELAÇÕES POLÍTICAS


   A Operação Carne Fraca colocou o governo, mercado e os cidadãos em alerta. A reação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) em princípio foi de se  colocar na defesa irrestrita do serviço de inspeção federal e dos pecuaristas, como era de se esperar, mas é fato que a PF tem na mira 21 estabelecimentos registrados no departamento de Inspeção de Produtos Animais (Dipoa) que não estariam vendendo carne de acordo com as normas estabelecidas pela legislação. O número é pequeno, tendo em vista os 4.837 estabelecimentos que pasaam por este controle, mas foi representativo a ponto de provocar o bloqueio de exportações e um grande receio dos consumidores no mercado interno. A tentativa de responsabilizar a PF por uma possível precipitação na operação através das denúncias à imprensa não surtiu o efeito esperado fora de alguns núcleos políticos, que insistem numa teoria da conspiração contra os produtos brasileiros. O fato é que, passados cinco dias das denúncias, o Mapa tomou medidas firmes para driblar a desconfiança, o que também expõe a uma aquiescência em relação ao que foi denunciado, do contrário todo o movimento intenso de inspeção não teria sido tão pontual e necessário. Depois do escândalo envolvendo executivos da Odebrecht, numa rede de corrupção que atinge também políticos de vários partidos, novas ondas denunciam que este ponto de contato é determinante na formação de impasses que paralisam toda uma cadeira produtiva de prejudicam a economia do País. O Brasil passa no momento por uma prova de fogo, em que as empresas devem adotar rigorosamente aquilo que se denomina “compliance”, expressão em inglês que significa “estar em conformidade com a lei”. O mesmo vale para os governos e partidos políticos que, como representantes do povo, devem primar pela transparência em seus atos e atividades. “Compliance” faz parte do tema escolhido pelo Grupo FOLHA para mais uma dodada do EncontrosFolha, promovido periodicamente para debater os rumos das atividades produtivas e do mercado, incluindo o de trabalho. Essa nova rodada sob o tema, “Tranparência e ética nas empresas: Reflexos da Lava Jato” acontece nesta quarta-feira (22) , como uma contribuição que abarca a reflexão sobre tudo o que vem acontecendo no País. Tendo em vista os turbilhões que afetam a nossa economia, não custa lembrar que não só os produtos, mas também nossas relações políticas e empresariais devem primar pela qualidade e transparência. (OPINIÃO, página 2, quarta-feira, 22 de março de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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