Páginas

sábado, 25 de fevereiro de 2017

UM DIA NO SÍTIO


   Morávamos em Sertaneja e nosso sítio ficava a três quilômetros, na estrada que vai para Rancho Alegre, próximo ao rio Congonhas. Minha avó Maria e meus tios moravam lá. 
   Ela cultivava flores em volta da casa em canteiros desorganizados, mas olhando no conjunto até que formavam um bonito colorido. Criava galinhas e engordava porcos. 
   De vez em quando, mamãe falava para o meu pai:
   Zé, temos que matar porco, acabou a gordura e a carne.
   Para nós, crianças, aquele dia no sítio seria uma diversão. Acordávamos bem cedinho e papai nos levava. 
   Meus tios escolhiam o porco, matavam, enquanto as mulheres punham água para ferver no fogão a lenha ou num improvisado feito de tijolos, no terreiro. Colocavam uma mesa embaixo das árvores , perto do córrego e, com a mamãe, começavam o trabalho que durava o dia inteiro. 
   Pelavam o porco, abriam, tiravam tudo de dentro, deixavam tudo limpinho, cortavam os pernis, cozinhavam a carne, fritavam o toucinho num tacho grande. 
   Moíam uma carne, temperavam para fazer linguiça e, do sangue, faziam o chouriço. Tudo pronto, as carnes, a gordura, os pedaços de lombo, alguns recheados, eram guardados em latas de vinte litros e duravam alguns meses. 
   Brincávamos no terreirão, subíamos nas árvores, não entrávamos no rio porque não havia um adulto para nos acompanhar, mas vez ou outra, havia serviço para nós, crianças. 
   Voltávamos à noite para casa, cansados; porém, despreocupados porque tínhamos por algum tempo. “mistura” em nossa alimentação. 
   E assim foi parte de minha infância e de meus irmãos, gostosa, saudável, inesquecível, bem divertida. (IDIMÉIA DE CASTRO, leitora da FOLHA, página 2, caderno FOLHA RURAL, coluna DEDO DE PROSA, 25 e 26 de fevereiro de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

Nenhum comentário:

Postar um comentário