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sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

A PARTE DO LEÃO


   Empresários que pagam corretamente seus impostos e o cidadão comum que tem descontado em folha de pagamento a parte do salário que cabe ao Leão gostarão de saber que a Receita Federal vai atrás de políticos, empresas, operadoras de propinas e outros envolvidos no esquema de corrupção desvendado pela Lava Jato. Ao dizer que a Receita “jamais vai esquecer”, o secretário de fiscalização do órgão, Iágaro Jung Martins, lembra que as consequências dos crimes que depenaram o caixa da Petrobras vão além da humilhação da prisão e das altas multas que a Justiça está aplicando para quem não resistiu ao dinheiro fácil da corrupção. Eles também terão que encarar a fraude no Imposto de Renda. A receita calcula que cobrará R$ 15 bilhões da gangue que praticou crimes tributários relacionados ao desvio na estatal. O valor é a soma das autuações feitas até o último dia de janeiro e as que serão emitidas com base nas fraudes já descobertas pelo grupo especial destacado pelo Fisco para acompanhar a Lava Jato. Até agora, a Receita já multou os investigados em R$ 10,1 bilhões por meio de 1.457 procedimentos. A cobrança dos outros R$ 5 bilhões está sendo processada em 854 ações de fiscalização e diligência. E as cifras vão aumentar ainda mais. O Fisco não levou em conta a análise de crimes contra a ordem tributária identificados a partir de delações mais recentes, lembrando as de 77 executivos e ex-executivos da Odebrecht, homologadas recentemente pela Presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Cármen Lúcia. A delação da Odebrecht deverá ser a mais explosiva da Lava Jato, levando em consideração o que já vazou para a imprensa – os depoimentos dos executivos da empreiteira são mantidos em sigilo, mas nomes de políticos de peso teriam sido mencionados nas delações. É necessário e justo que a Receita trate com rigor os envolvidos nesse grande e complexo esquema de corrupção. Mas não é fácil recuperar o dinheiro da sonegação. Infelizmente, a legislação brasileira permite que esse caminho seja longo. Para que o crime não compense, é importante que leis sejam mudadas. (OPINIÃO, página 2, sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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