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segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

A VIDA DENTTRO DE UMA CASA-CONTÊINER

 
Patrícia Melo, 33, em sua casa-contêiner. em Mogi das Cruzes (SP)
   Caixotes usados par transporte de carga são reformados e viram alternativa de moradia flexível e ecologicamente correta
   Morar em um contêiner pode parecer sinônimo de viver confinado em um lugar quente e barulhento. Mas, com poucas intervenções, esses caixotes de metal se transformam em uma alternativa de moradia confortável, flexível e mais baratas do que as casas de alvenaria tradicionais. 
   Existem dois tipos de contêineres mais comuns para habitação: de seis e de 12 metros de comprimento. O primeiro tem cerca de 15 metros quadrados, o segundo, 30m2. Todos são feitos de aço. 
   “Morar em um contêiner é uma atitude importante em termos de sustentabilidade. Combina com a tendência de as pessoas viverem em espaços cada vez menores e mais simples”, afirma Eduardo Nardelli, professor de arquitetura da Universidade Presbiteriana Mackenzie. 
   Mas, para cumprir a meta “verde”, a peça não pode ser nova, segundo Sasquia Obata, professora de arquitetura da Faap. “O aço é um recurso não renovável e consome muita energia para ser produzido. Se deixar de ser um objeto de reuso, vai gerar muito impacto na natureza”.
   O preço é outro atrativo: um contêiner custa entre R$ 3.000 e R$ 12 mil, dependendo do modelo – os refrigerados, usados para transportar alimentos, têm isolamento térmico e são mais caros. 
   O custo mais baixo foi um dos motivos que levaram a designer Patrícia Melo, 33, e seu marido, Vinícius Iagui , 33, moradores de Mogi das Cruzes (Grande São Paulo), a optar por esse tipo de moradia, em 2010. 
   “Comprar um apartamento era inviável para a gente. Descobrimos essa opção em uma revista de decoração e vimos que era a chance de criar um imóvel do jeito que queríamos”, conta Melo. 
   O casal comprou dois contêiners, um de seis e outro de 12 metros de comprimento. Pagaram em cada um, respectivamente, R$ 4.500 e R$ 6.500. No total, contando com a reforma do espaço, gastaram cerca de R$ 45 mil. 
   Para a designer, a decisão valeu a pena: “É pequeno e fácil de manter organizado. Tivemos que aprender a viver só com o necessário”.
   A flexibilidade da construção, com módulos que podem ser justapostos e empilhados, também é um dos pontos positivos. Segundo Nardelli, podem ser empilhadas no máximo quatro peças – mais que isso, é preciso fazer um reforço estrutural de concreto.

   INTERVENÇÕES
   Não basta comprar um contêiner e simplesmente colocá-lo em um terreno. “O caixote pesa cerca de duas toneladas, tem que ter uma base estável para não afundar. É preciso fazer uma fundação rasa com laje de concreto”, diz o arquiteto Daniel Kalil. 
   Depois da instalação, é hora de fazer as intervenções. A principal é colocar revestimentos termo-acústicos. O arquiteto recomenda que sejam usados materiais isolantes como lã de rocha. 
   É preciso, contudo, prestar atenção quanto a escolha dos pisos, explica Danilo Corbas, do escritório de arquitetura Container Box. “Eles devem ser maleáveis para suportar a movimentação natural da estrutura metálica, que se expande e contrai. “. 
   O arquiteto recomenda evitar pisos e revestimentos cimentícios, que podem rachar. Porcelanato e cerâmica, diz, estão liberadas. 
Ele mesmo vive em uma casa feita com quatro contêiners de 30m2 cada um, em Carapicuíba (Grande São Paulo). Cada módulo custou R$6.000. Contudo, com a reforma, o gasto foi de R$ 125 mil. 
   “Morava em um apartamento e não sinto muita diferença entre os dois. Minha qualidade de vida aumentou muito”, afirma. 
   A instalação de portas e janelas, com a ajuda de molduras, e a justaposição de módulos exigem que pedaços do contêiner sejam cortados. É fundamental reforçar a estrutura depois disso para que ela não ceda, diz Corbas. 
Instalações elétricas e hidráulicas ficam aparentes, geralmente nas laterais, o que facilita a manutenção e vistoria do sistema, de acordo com Obata. 
   Existem lojas especializadas na venda de contêiner. Na hora da compra, é fundamental saber a procedência da peça, se foi higienizada corretamente e conferir seu estado de conservação. 
   “Os quatro cantos e as vigas não podem estar amassados. Se estiverem, é um sinal de que a peça sofreu danos”, explica Lula Gouveis, arquiteto do SuperLimão , especialista em casa-contêiner. 

CAIXA FORTE
Saiba mais sobre as casas contêiners
O arquiteto Danilo Corbas, 48, construiu uma casa com quatro contêineres de 30m2 na cidade de Carapicuíba (SP). (FONTE: página D3, Sobre Rodas, caderno sobre TUDO, domingo, 15 de janeiro de 2017, publicação do jornal FOLHA DE SÃO PAULO. 


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