Uma das frases mais forte do apóstolo Paulo –e ele é um homem de frases fortíssimas – está no capítulo 15 da Primeira Carta aos Coríntios: “Pois é preciso que ele (Cristo) reine, até que tenha posto todos os seus inimigos debaixo dos seus pés. E o último inimigo a ser destruído será a morte”.
Conheço um homem cunho trabalho tem sido lutar pela vida e derrotar a morte. Seu nome é Antonio Plácido Peixoto do Amarante Neto, médico cancerologista que hoje à noite receberá o título de Cidadão Honorário de Londrina, concedido pela Câmara dos Vereadores.
Grosso modo, podemos definir o câncer crescimento desordenado das células de um tecido humano. De repente, por uma razão muitas vezes enigmática, as células de um órgão começam a se multiplicar de maneira caótica, sem a menor consideração pelo funcionamento do organismo. Eu diria, portanto, que o câncer é o egoísmo das células. Para combatê-lo, precisamos de guerreiros altruístas (e discretos) como o Dr. Amarante. Ao longo dos anos, quantas vidas ele salvou! Quantos males ele aliviou! Quantas pessoas em sofrimento ele confortou!
O câncer não se limita aos organismos humanos. A terrível doença pode também tomar conta das estruturas de Estado, das instituições vigentes, do conjunto de uma sociedade e até mesmo do espírito de uma nação. O que é a corrupção, senão uma forma de câncer que tenta se esconder sob as carapaças político-ideológicas? Em nossa vida pública, precisamos de homens que tenham a mesma coragem, persistência e dedicação demonstrados pelo Dr. Amarante na sua luta diária pela vida.
Na vida de um homem justo, raramente conseguimos discernir milagres. Isso porque a própria existência do justo é um milagre em si mesma. Em 1935, minha mãe considerava-se uma pessoa desenganada. O diagnóstico era de câncer de mama em estágio relativamente avançado. Dr. Amarante não apenas a operou; ele foi a voz e o ombro amigo que lhe deram ânimo para vencer a doença. Aracy viveu mais 16 anos, com muita alegria e entusiasmo. Viu o casamento dos filhos e o nascimento dos netos.
Dias atrás, na hora do jantar, Pedro pediu licença para ir até a sala e olhar a árvore de Natal que havíamos acabado de montar.
“Por que você foi lá, Pedro?
“Eu fui lá para saber se a vó Aracy é igual ao anjo do Natal. E ela é”.
Dr. Amarante recebe sua homenagem dez dias antes do Natal. Dificilmente poderia haver data mais apropriada. O médico que fez tanta gente renascer – inclusive a mulher parecida com o anjo de Natal – será Cidadão de Londrina pouco antes da festa para o Menino que fez o universo renascer. Não é por acaso, Dr., que você carrega o verbo amar no próprio nome. (Crônica escrita por PAULO BRIGUET, jornalista e escritor, caderno FOLHA CIDADES, página 3, coluna AVENIDA PARANÁ – por Paulo Briguet. Fale com o colunista: avenidaparana@folhadelondrina.com quinta-feira, 15 de dezembro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).
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