Em junho de 2013, mais de um milhão de manifestantes foram às ruas de muitas cidades brasileiras iniciando uma série de protestos que acordaram o País e mais, chamaram a atenção de todo o mundo para o sentimento de indignação que atingia o povo. Eram muitas as reivindicações, do preço da passagem do transporte coletivo a melhorias na saúde e na educação. Mas uma insatisfação era comum a todos que saíram de casa para protestar. A sociedade queria demonstrar o descontentamento com a classe política. No ano passado, a população voltou a se manifestar, a maioria pedindo o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. E ontem, a indignação popular voltou a ficar evidente em atos públicos realizados em várias cidades, como Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Londrina. Novamente, as redes sociais foram utilizadas para a organização do movimento. Segundo os coordenadores, 200 municípios tiveram originalmente marcados porque os deputados federais realizaram na madrugada da última quarta-feira, sessão extraordinária na Câmara para promover alterações no pacote anticorrupção, chamado “Dez Medidas Contra a Corrupção”. Dos dez tópicos, apenas quatro foram mantidos e três foram adicionados pelos parlamentares. Uma das mudanças mais criticadas é justamente a instituição da punição a juízes, promotores e procuradores por abuso de autoridade. Mas como aconteceu em 2013, outros motivos ganharam força nas ruas. Além das palavras de ordem em apoio à força-tarefa da operação Lava Jato e ao juiz Sérgio Moro, os manifestante pediam prisão aos corruptos e a saída do peemedebista Renan Calheiros da Presidência do Senado. Renan é réu em ação penal no STF por peculato (desvio de dinheiro público). Os atos realizados ontem deixam claro que a esperança do brasileiro no combate à corrupção está depositada no Poder Judiciário e não no Legislativo – uma prova de que o povo perde a cada dia a confiança na classe política. Por isso, as manifestações também têm outra função essencial: mostrar às autoridades que a sociedade não está dormindo. (OPINIÃO, página 2, segunda-feira, 5 de dezembro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).
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