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sábado, 31 de dezembro de 2016

CANTANDO NAS ESTRELAS

 

   Uma das notícias mais comovedoras de 2016 foi a morte das atrizes Debbie Reynolds e Carrie Fisher, mãe e filha, em pouco mais de 24 horas. Debbie, aos 84 anos, partiu quando cuidava dos funerais de Carrie, falecida com apenas 60 anos, no dia anterior. 
   A história dessas duas estrelas de Hollywood é qualquer coisa de incrível. Debbie atuou, ao lado de Gene Kelly, no clássico “Cantando na Chuva”, de 1952, considerado um dos melhores musicais de todos os tempos, se não o melhor. 
   Como todos sabem, Carrie interpretou a Princesa Leia em “Guerra nas Estrelas”, cujo primeiro episódio, também um clássico da ficção científica, estreou há exatamente 40 anos, em 1977.
   Mãe e filha, portanto, tiveram papéis centrais em dois fenômenos da cultura popular de nosso tempo. 
   Nunca me esquecerei da emoção que senti ao assistir pela primeira vez, em um pequeno cinema de São Paulo, o primeiro episódio de “Star Wars”, que naquela época chamávamos mesmo de “Guerra nas Estrelas”. Estava ao lado de meu pai, e fui apresentado a um mundo de emoções e conflitos que depois só viria a encontrar, de forma completa, nos clássicos da literatura, ( os quais, diga-se, meu pai também me apresentou). Paulo não era muito fá de “Guerra nas Estrelas”, não. Nunca apreciou esse gênero de entretenimento. Mas me levou ao cinema naquela tarde, e só isso já me fez eternamento grato. 
   Houve uma época em que o programador de filmes da Rede Globo – o cinéfilo Paulo Ubiratan, xará do nosso amigo jornalista – dava um jeito de botar “Cantando na Chuva” bem na noite de Natal. É um dos filmes que para mim traduzem com maior perfeição o sentimento de alegria. Não é por acaso que o cartaz original do filme destaca a frase “”What a gloriou feeling” (Que sentimento glorioso...) sobre a imagem de Debbie Reyonolds, Gene Kelly e Donald O’Connor. 
   Se pensarmos bem, os dois filmes marcam transições importantes da história contemporânea. “Cantando na Chuva” fala sobre o advento do cinema falado e as dificuldades técnicas que surgiram no momento em que foi preciso dar voz aos astros do cinema mudo. 
   Se você não viu “Cantando na Chuva”, faça isso agora. Garanto que não irá se arrepender. 
   “Guerra nas Estrelas” (hoje conhecido pelo título “Star Wars” – Uma Nova Esperança”) surgiu oito anos depois que o homem chegou à Lua, em plena era da corrida espacial. Se “2001 – Uma Odisséia no Espaço” abordou a exploração astronáutica sob um ponto de vista filosófico, “Star Wars” levou ao espaço sideral a tradição narrativa de todos os tempos, explicada por Joseph Campbell em “A Jornada do Herói.”
   Para conhecer a história das estrelas que nos deixaram agora, há também o filme “Lembranças de Hollywood”, de 1990, em que Shirley MacLaine e Meryl Street interpretaram personagens inspiradas na relação entre Debbie e Carrie. O filme narra os problemas de Carrie com as drogas e o papel da mãe na redenção da filha. 
   Agora elas estão lá, unidas no mesmo longa-metragem que eu ouso de chamar de “Cantando nas Estrelas”. Obrigado! (Crônica escrita pelo jornalista e escritor PAULO BIRGUET, página 2, caderno FOLHA CIDADES, coluna AVENIDA PARANÁ – por Paulo Briguet. Fale com o colunista: avenidaparana@folhadelondrina.com.br sexta-feira, 30 de dezembro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA). 

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