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sexta-feira, 11 de novembro de 2016

VIVER INTENSAMENTE OU CONSUMISMO?


   O mercado está sob a ótica de que é hora de viver intensamente, adquirindo a roupa da moda, o carro do ano, o novo modelo de celular, etc. Fernando Pessoa diz em uma de suas frases que: “O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso, existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.”
   No momento atual, o consumidor tem seguido à risca essa célebre frase, sem se preocupar com um problema mundial, enfrentado por milhões de pessoas, ou seja: o consumismo desenfreado. As pessoas estão comprando sem pensar, movidas pela emoção. Nanci Azevedo Cavaco, em sua obra, assim conceitua consumismo: “(...) é o ato de adquirir produtos e serviços de maneira compulsiva, inconscientemente ou sem necessidade. (...) o consumidor consumista compra por impulso, de forma irracional e inconsequente”. Consumir não é errado! O que é preciso e que muitos não estão se preocupando é como consumimos. Quem nunca comprou aquele sapato, celular ou roupa sem sequer estar precisando?
   Os consumidores acabam sendo influenciados pelo poder que a mídia tem, onde as grandes fornecedoras, criam os chamados comerciais ilusórios, mostrando que se uma pessoa usar ou tomar aquele produto, ela será considerada diferentes, em um patamar elevado de credibilidade dentro de uma sociedade. Tal problema é algo que está aumentando cada dia mais e, com isso, afetando famílias inteiras e levando pessoas à falência pessoal – ou ao superendividamento, como a doutrina tem chamado – e por comprarem produtos desnecessários acabam entrando em dívidas no cartão, no cheque especial e muitos até fazem empréstimos para conseguir sustentar um vício chamado consumismo. 
   Júlio José Chiavenato diz que: “Depois de alguns milênios, ficou mais importante, para o grosso da humanidade, “ter” em lugar de “ser”. É preciso que os consumidores se tornem pessoas conscientes, pois consumir é algo que se faz todos os dias, mas para que esse consumo seja saudável é preciso cuidados. 
   Se tornou comum ouvir, em escritórios de advocacia ou de cobranças, que aquela dívida foi contraída por um ente da família que está se tratando ou que passou por um momento de consumista, adquirindo de tudo sem se preocupar como irá pagar suas dívidas. 
   O alto poder de influência da mídia sofre regulações, mas não tem sido fator que evite alguns abusos pelos fornecedores na hora de “vender o seu peixe”, ou melhor, o seu produto. Não se pode deixar de dizer que, para uma economia funcionar é preciso que haja consumo, porém é importante que as empresas fornecedoras não pensem apenas em lucro, mas no ser humano do outro lado, em relação com o planeta, pois o consumismo leva ao superenvididamento, à depressão e aé ao suicídio. 
   O consumismo exacerbado gera um maior número de descarte de produtos, com a troca de modelos antigos pelos mais novos e, muitas vezes, com pouco tempo de uso, e assim é o consumismo inconsciente. 
   Está na hora dos consumidores se preocuparem com o mundo em que vivem e com a sua própria vida, pois existem outros meios de combater o consumismo que lhe é imposto. Um desses novos modelos está sendo destacado na doutrina moderna, que é chamado “consumo colaborativo”, onde as pessoas trocam produtos que não lhe são mais úteis – fornecendo para as pessoas que precisam dos mesmos produtos, e assim quebram a rotina do consumo. Um tanto quanto utópico mas, já é realidade em alguns lugares. Prevenir é melhor que remediar, então comece hoje mesmo, por você, e seja a mudança para um mundo melhor. ( ALLAN CÉSAR DE ARRUDA, advogado mestrando em Direito pela Universidade de Marília (SP) e professor de Direito Processual Civil e Direito Penal na Unopar de Bandeirantes, página 2, coluna ESPAÇO ABERTO, sexta-feira, 11 de novembro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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