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terça-feira, 22 de novembro de 2016

O QUE É METONÍMIA?


   Conforme já dissemos aqui na coluna, as figuras de linguagens são formas diferenciadas de utilizarmos a língua, a fim de obter maior expressividade. Basicamente, consiste em utilizar as palavras do português com sentidos diferentes dos usuais ou de uma maneira diferente daquela a que estamos acostumados. 
   Já tratamos, em colunas anteriores, de algumas dessas figuras, como a metáfora e a ironia, por exemplo. Hoje vamos falar de outra, muito comum na nossa língua, a metonímia. 
   Trata-se do uso de uma palavra no lugar de outra, a partir de uma relação lógica entre elas. Parece complicado? Na verdade, você faz isso o tempo todo. Por exemplo: quando diz que gosta de ouvir Chico Buarque, está usando uma metonímia, já que, na verdade, o que você gosta de ouvir são as músicas dele. Outro caso seria dizer que alguém tomou dois copos de água, pois a pessoa tomou a água que estava dentro, e não os copos.
    Há várias formas de se usar essa figura de linguagem, sendo que as mais comuns são: 

   1 – O autor pela obra: Eu gosto de ler Carlos Drummond de Andrade. (Na verdade, você gosta de ler os textos dele). 

   2 – O continente (recipiente) pelo conteúdo: Comi três pratos de macarrão. (Você não comeu os pratos, mas o que estava dentro deles). 

   3 – A parte pelo todo: Ele pediu a mão da moça em casamento. (É lógico que ele não pediu só a mão, mas a moça toda). 

   4 – O instrumento pela pessoa: Sentia-se mal pelas orelhas de abano, mas os bisturis corrigiram o problema. (O cirurgião corrigiu).

   5 – A causa pelo efeito (ou vice-versa): Tudo o que tenho veio do meu suor. (Veio do trabalho, que faz suar).

   6 – Singular pelo plural: A mulher ocupa cada vez mais cargos de chefia. (Todas as mulheres, na verdade).

   7 – A marca pelo produto: Se você for à farmácia, não se esqueça de comprar cotonetes e band-aid. (São duas marcas que identificam os produtos).

   8 – Um elemento pela totalidade: Tenho que garantir o leite das crianças. (As crianças não se alimentam só de leite, mas de várias outras coisas também). Nesse caso específico, alguns gramáticos classificam a figura como sinédoque, um tipo de metonímia. 

   9 – O símbolo pelo que é simbolizado. Foi salvo das drogas pela cruz! ( A cruz simboliza a fé religiosa da pessoa). 

10 – A matéria pelo objeto: Meu trabalho é revisar e assinar papéis o dia todo. (A pessoa revisa e assina relatórios, pedidos, resumos, etc., não qualquer papel). 
   Esses são apenas alguns exemplos, mas há inúmeros outros. O importante é identificar que se trata de uma relação lógica entre os termos (o que foi usado e o que realmente se quer dizer). Há essa relação entre Drummond e seus livros ou entre o bisturi e o cirurgião, por exemplo. 
   Para interpretar uma metonímia, basta identificar essa relação, entender o que a pessoa realmente quis dizer com aquilo. Para “criar” uma metonímia, o cuidado é dobrado: você deve ter certeza de que quem ler ou ouvir a frase vai de fato entender o que você quis dizer. 
   Por último, não confunda metonímia com metáfora, em que a substituição de uma palavra por outra é baseada na semelhança e não na lógica. Dizer que uma menina é uma flor, por exemplo, é metáfora, pois há alguma semelhança entre elas. 
   Ficou com alguma dúvida? Mande um e-mail para nossa coluna. 
   Até a próxima terça! (FLAVIANO LOPES – PROFESSOR DE PORTUGUÊS E ESPANHOL ). *Encaminhe as suas dúvidas e sugestões para bemdito14@gmail.com FACEBOOK facebook.com/folhacidadania página 4, FOLHA 2, terça-feira, 22 de novembro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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