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sábado, 5 de novembro de 2016

O DRAMA DAS VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA SEXUAL


   Mais de cinco pessoas são estupradas por hora no Brasil. Só em 2015 foram registrados 45.460 casos, sendo 24% deles nas capitais e no Distrito Federal, segundo dados do 10º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, produzido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) em parceria com o DataFolha. Apesar de uma retração de 9,9% em relação ao ano anterior, não é possível afirmar que houve redução do número de casos, levando em conta a alta subnotificação desse tipo de crime. Se a quantidade de ocorrências preocupa, a falta de atendimento adequado para as vítimas é um grave problema a ser enfrentado no País. Reportagem publicada nesta edição da Folha de Londrina aponta que a falta de investimento em equipamentos, material de consumo e na contratação de mais médicos peritos está comprometendo o atendimento a vítimas de violência sexual e doméstica pelo Instituto Médico Legal (IML) de Londrina. Devido à falta de plantonista durante 24 horas, vítimas têm sido orientadas a esperar até a manhã seguinte, sem tomar banho, para realizar a perícia ginecológica para colher provas de estupro. Sem lâmpadas adequadas para realizar o exame, profissionais teriam chegado ao extremo de utilizar lanterna de celular para não deixar as vítimas sem atendimento. O problema se estende às delegacias especializadas no atendimento de mulheres, adolescentes e crianças, que também não oferecem plantão 24 horas na cidade. Outra questão é a capacitação de quem atende as vítimas. Quem chega aos órgãos em busca de atendimento nem sempre encontra funcionários com sensibilidade para encaminhar o caso de modo a proteger a vítima de futuras agressões. O não acolhimentos das vítimas pelos órgãos responsáveis por fazer a investigação é uma violação aos direitos humanos. Isso gera a chamada violência institucional – quando a vítima busca o Estado, mas recebe uma resposta insuficiente. É preciso cobrar dos governantes mais sensibilidade para agilizar a resolução dos problemas e humanizar o atendimento nos órgãos públicos. É o mínimo que se pode oferecer a mulheres já tão fragilizadas após sofrer brutal violência. (OPINIÃO, página 2, 5 e 6 de novembro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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