Páginas

terça-feira, 1 de novembro de 2016

BRF INVESTIRÁ R$ 80 MI EM UNIDADE EM LONDRINA


Chegado do Centro de Distribuição reforça necessidade de implantação do Contorno Norte

   Uma das maiores empresas do mundo receberá terreno de 157 mil metros quadrados para instalar o principal centro de distribuição da marca na cidade e gerar até 600 empregos
   Uma das maiores empresas de alimentos do mundo, a BRF A anunciou nesta segunda-feira que investirá R$ 80 milhões para instalar o principal dentro de distribuição (CD) estadual da marca em Londrina, em solenidade no gabinete do prefeito Alexandre Kireeff (PSDB). A previsão é de gerar até 600 empregos diretos e indiretos a partir do início das operações, em setembro dd 2017. Porém, a transação depende de doação de terreno público de 157 mil metros quadrados na zona norte, que precisa ser aprovado pela Câmara. 
   Serão 32 mil metros quadrados de área construída, além de pátios para caminhões e área devolvida ao Município para a construção de infraestrutura no local, que deve ocupar até 40% do terreno público. O restante será reservado para uma ampliação. Conforme a BRF, o CD movimentara mais de 15 mil toneladas de carga ao mês e terá tráfego de 80 carretas diárias, para atender o Estado, o sul do Mato Grosso do Sul e o Oeste de São Paulo. São sete fábricas da marca e outros dois centros logísticos no Paraná, em um total de 17 mil funcionários. 
   A gerente de relações institucionais da BRF Ana Carolina Carregaro, afirmou que a escolha de Londrina se deu pelas facilidades com infraestrutura, para contratação de mão de obra e de treinamento dos 261 funcionários diretos. Foram 36 meses de estudos e negociação para definir o local. “A unidade vai fazer distribuição para montar carga, mas vai fazer faturamento e venda direta, tanto para o Paraná quanto para o este de São Paulo e o sul do Mato Grosso do Sul.”
   Kireeff agradeceu o empenho do do Instituto de Desenvolvimento de Londrina (Codel) e disse que a cidade começa a colher os benefícios de políticas públicas adotadas na administração dele. Ele citou a aprovação do Plano Diretor para definição de áreas para indústrias e ressaltou e o apoio da Câmara. Também destacou obras de infraestrutura como a ligação da Avenida Saul Elking com Cambé e a duplicação da Avenida Angelina Ricci Vezozzo. “Recebemos empresas como a francesa Limagrain, a Atos, a alemã Wittur, e nossa matriz econômica está se modificando a partir de ações que tomamos”, disse sobre empresas que firmaram acordos para se instalar em Londrina. 
   O prefeito lembrou que a disputa final pelo CD da BRF se deu contra Cambé e Ibiporã, que compõem a região metropolitana, mas que a infraestrutura fez a diferença. Ele acredita que haverá atração de mais empresas do setor e de atividades relacionadas a partir do que chamamos de uma “empresa-âncora”. “Temos a vocação de tecnologia da informação, educação e saúde já são características da região, mas a logística começa a ser fortalecida”, disse Kireeff. 
   O presidente da Codel, Bruno Veronesi, afirmou ainda que a MRF Log, também de movimentação de cargas, instalou-se na cidade e já dobrou de capacidade, o que pode significar uma tendência. “Londrina tem uma posição estratégica e esse fato (chegada da BRF) corrobora esse novo sentimento”, disse. 
   ARRECADAÇÃO
   Apesar de a BRF não confirmar os valores, a expectativa é de movimentação de R$ 1,8 bilhão ao ano no CD. O montante deve render arrecadação para a Prefeitura de R$ 6 milhões ao ano, somente com a parcela de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e serviços (ICMS) que retornará a Londrina pelo Fundo de Participação dos Municípios (FPM). O valor tende a aumentar com o Imposto Sobre Serviços (ISS) tanto da BRF quanto de terceirizados. 
   REGIÃO É ‘CENTRO NERVOSO’ DA LOGÍSTICA
Ana Carolina, gerente da BRF, discursa em solenidade no gabinete doprefeito Alexandre Kireeff
   O Norte do Paraná é o “centro nervoso”, está no “olho do furacão” do processo de mudanças logísticas pelo qual passará o País, nos próximos anos. Resta à região saber aproveitar as oportunidades que estão por vir. A análise foi feita pelo professor Paulo Tarso Vilela de Resende, da Fundação Dom Cabral (FDC), durante a segunda edição dos EncontrosFolha, em setembro de 2014. O tema debatido foi “Infraestrutura e Logística”: vencendo os gargalos do Norte do Paraná”.
   Coordenador do Núcleo de Infraestrutura e Logística da fundação, Resende mostrou que o Norte do Paraná é a principal conexão das novas rotas entre as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do País. Ele integrou um grupo de trabalho que analisou as rotas das cargas no Brasil e fez projeções para o futuro: “Foram analisadas 600 variáveis macroeconômicas, desde o câmbio ao preço do diesel. Projetamos o fluxograma de demanda para 2020”, contou. O Norte do Paraná é a região que concentrará o maior número de rotas. “A questão é: nós estamos preparados para aproveitar as oportunidades ou seremos uma ilha dentro de um País de oportunidades?”, provocou. Ele ressaltou que a região deve investir em agroindústria sob pena de se tornar apenas uma rota de passagem de matéria-prima ou de cargas industrializadas. 
   CONTORNO NORTE GANHA IMPORTÂNCIA
   A instalação do centro de distribuição da BRF na zona norte de Londrina aumentará a necessidade de construção do Contorno Norte, para ligar a região, Ibiporã, Cambé e Rolândia, pela PR-445, segundo o prefeito Alexandre Kireeff. A obra de infraestrutura desafogaria o fluxo de veículos, principalmente os pesados, nas áreas urbanas e traria mais segurança ao trecho. Porém, apesar de previsto em contrato assinado em 1997 pelo governo do Estado e a concessionária Econorte, está em estudo por ambos a troca da obra pela duplicação de 38 quilômetros entre Jataizinho e Cornélio Procópio.
   A concessionária já confirmou que a supressão da obra está em estudo, conforme publicado pela FOLHA em 12 de setembro. “O Contorno Norte tem de ser mantido dentro do projeto original e não ser estendido para fora dos limites de Londrina. Qualquer modificação exige uma ampla discussão com a cidade porque era uma contrapartida para cá, e não a outras regiões”, disse Kireeff. 
   O centro logístico da BRF movimentara 80 carretas diárias, sem contar veículos de carga de médio e pequeno porte. O presidente do Instituto de Desenvolvimento de Londrina (Codel) Bruno Veronesi, disse que é importante que lideranças da região mantenham o diálogo com o governo estadual, para mostrar a relevância da obra para a região. “Os caminhões não podem trafegar por dentro da cidade”, afirmou. Teremos a inauguração da Wittur e, com a instalação do Cilon (Cidade Industrial de Londrina) na zona norte, serão mais de 200 terrenos e o contorno se torna fundamental”, completa. 
   Veronesi disse ainda que o Cilon já prevê mais de 100 metros de área para a passagem do contorno. Líderes empresariais e políticos da região têm reunião marcada com o governador Beto Richa (PSDB) na próxima segunda-feira, para pressionar pela execução do Contorno Norte. (F.G.) (FÁBIO GALIOTTO – Reportagem Local, caderno FOLHA ECONOMIA & NEGÓCIOS, terça-feira, 1 de novembro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

Nenhum comentário:

Postar um comentário