Páginas

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

SUCESSÃO E DESAFIOS


   Processo de sucessão em empresas familiares tem componentes comportamentais de grande valor que não deve ficar fora da formação dos sucessores
   O meu pai contou-me esta história. Uma senhora, já com 90 anos de idade, foi posta numa asilo de idosos por seu filho que ocupado demais com o trabalho, pouquíssimas vezes a visitava.
   Certo dia, ele recebeu a ligação do médico responsável pela instituição solicitando que fosse ver sua mãe urgentemente, pois seu estado de saúde podia não lhe permitia viver nem pelos próximos três meses. 
   O filho arranjou um tempo e foi lá. 
   Chegando ao asilo, suas mãe se alegrou demais ao vê-lo e logo e pediu que trouxesse um ventilador grande para o canto do quarto ou que instalasse um aparelho de ar-condicionado a fim de vencer o forte calor das tardes. Pediu também que ele trouxesse uma poltrona confortável e uma pequena geladeira para conservar frutas e manter a água gelada. 
   O filho sorriu e respondeu:
   - Mas mãe, o médico me disse que você está muito debilitada. Eu temo que a senhora nem usufrua desses bens como pretende.
   A velha reagiu de pronto:
   Não é por mim que peço, filho. Nada disso será para mim. Eu gostaria que trouxesse essas coisas para que você se sinta bem quando os seus filhos o trouxerem para viver os seus últimos dias aqui. É com você que eu mais me preocupo. Não comigo. 
   Eu sou consultor de várias empresas familiares no processo de sucessão. Invariavelmente vejo pais ansiosos em deixar sua empresa na mais perfeita condição para que seus herdeiros a assumam sem que precisem se sacrificar como eles. Contudo, o desejo de isolar problemas leva muitos dos herdeiros é acreditar que o sucesso é como sopa instantânea: já vem pronto e não requer esforço algum. 
   Boa parte do trabalho, nesses casos, consiste em ajudar estes sucessores a dedicarem um tempo a conhecer a real trajetória de seu sucessor, e o valor que isto adiciona ao atual estágio dos negócios. É a contrapartida em reconhecimento – não só necessária, mas indispensável. 
   Nós lhes mostramos o benefício disso e os conduzimos a assumirem uma posição de coragem a fim de enfrentar seus desafios com bravura, porém, jamais sem antes dedicar a consideração e o respeito devidos a quem lhes abriu caminho para um futuro venturoso. E que ao final do processo, eles tenham adquirido de modo prático e definitivo a mais alta de todas as competências: gratidão. (ABRAHAM SHAPIRO, consultor e coach de líderes em Londrina, caderno FOLHA EMPREGOS & CONCURSOS, segunda-feira, 3 de outubro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

Nenhum comentário:

Postar um comentário