Páginas

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

NATAL DE VENDAS E CASA DE NOEL


   É louvável que se decore a cidade para o período natalino, mas repete-se em Londrina o culto a Papai Noel e o foco apenas no propósito de alavancar as vendas no comércio. No projeto dessa campanha, que tem como palco a Rua Sergipe, não figura alguma decoração com presépios e personagens do célebre nascimento. Pelo que se leu, não haverá nenhuma simbologia do personagem central da maior festa da cristandade: o Menino Jesus, a não ser árvores de natais passados cedidas pela prefeitura. No lugar de uma simbólica manjedoura haverá uma “casinha de Papai Noel”. Capitaneada pelas entidades representativas do empresariado comercial e industrial, a ideia da decoração está na função que lhes compete, mas poderia ser feita uma “concessão” à doce criança símbolo do Natal. A história não se equivocou e não colocou no berço de Belém nenhum velhinho de barbas branca. Não há mal em incrementar vendas, mas é sem dúvida uma apropriação indevida dar apenas essa finalidade a um momento que deveria ser de homenagem ao Jesus Menino. Do alto da majestade onde ora se encontra, Jesus – ademais padroeiro de Londrina – não se molesta com o que fazem os homens, mas é um descaso não conceder-lhe um lugar nesse programado evento público. E o povo, que se proclama cristão e tanto menciona a palavra Natal, também cultua Papai Noel, leva os filhos pequenos para fazer fotografias com ele representado nos shoppings e lojas, e lhes dão presente dizendo que são de Papai Noel... Assim, desde cedo, as crianças são induzidas a ignorar o real significado do grande acontecimento da era cristã. Presentear a ser presenteado é bom, fazer a ceia de família é um sublime momento de reunião familiar, mesmo em casos de sentidas ausências, mas pelo que se revela, poucos se lembram de, ao menos em instantes, prostrar-se em oração, em louvor e agradecimento. Noel e os figurantes que o representam não têm culpa, ademais recebem um ganho extra, necessário nestes tempos difíceis. Mas Jesus que habita as moradas celestiais não se melindraria se fosse representado nas lojas, ruas e praças saudando as pessoas no Natal. E as crianças certamente se encantariam com a representação do Menino semelhante a elas deitado numa manjedoura que lhe serviu de berço. (WALMOR MACCARINI, jornalista em Londrina, página 2, coluna ESPAÇO ABERTO, quinta-feira, 27 de outubro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

Nenhum comentário:

Postar um comentário