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sexta-feira, 28 de outubro de 2016

LEITURA E FORMAÇÃO HUMANA


   Cada pessoa se constitui inicialmente pelo núcleo familiar, de onde advém as primeiras aprendizagens tanto para a sobrevivência biológica quanto para o convívio em sociedade; também por meio da herança cultural e, posteriormente, pelo contato mais amplo com o mundo externo à família. A construção de uma pessoa, entre outros aspectos, provém da convivência em sociedade, do acesso que ela tem ao conhecimento acumulado pela humanidade em diversos matizes, dentre eles, a leitura.
   A apropriação da leitura faz parte de uma tradição cultural e, portanto, é um valor social e continuará a fazer parte dos pilares civilizatórios. Assim, desde a infância, o contato diário com a palavra (oral ou escrita) torna-se fundamental para a construção de uma pessoa. Quando não domina a escrita, é por meio da oralidade que a criança se encontra com a leitura, com as histórias. Nesse momento, o ouvir torna-se uma fonte de aprendizagem da leitura, é uma etapa do caminho que prepara a criança para se tornar leitora. Posteriormente, ao se apropriar da escrita, ampliam-se as possibilidades para ler o mundo circundante. A partir de então, mundo e palavra permearão constantemente a leitura que ela fizer e inevitáveis serão as correlações, de modo intertextual, simbiótico, entre realidade e ficção.
   Entretanto, a leitura só se tornará experiência significativa para a formação de uma criança quando houver continuamente o acesso a ela, pois o leitor em construção precisa estar envolvido pela leitura, sentir-se íntimo dela e, para isso, o livro surge como suporte, quer se apresente em formato tradicional, de papel, ou digital. O formato é apenas um componente de nosso tempo, o conteúdo é que fará a diferença para a formação do sujeito. 
   Quando se lê, o que a leitura provoca não é tangível, apenas, aos olhos, pois é um processo interno, individual, mediado pela palavra e experiência humanas contidas no texto. Na leitura, cada um compreende o que é capaz de compreender no momento em que lê e, como leitores, à medida que passa o tempo, vamos entendendo mais e melhor o que lemos. 
   É por meio da compreensão daquilo que se leque o desejo de continuar a ler se renova. Quanto mais se lê, maiores são as necessidades de novas leituras, pois ler é uma forma de se conhecer outras pessoas, outras histórias que estão presas nas palavras e que se libertam pela imaginação. Assim, de texto em texto, vai se constituindo o leitor, num misto de necessidades e de inquietações; de ler um livro até o final ou desistir a qualquer momento, sem culpa. 
   Nesse contexto do diálogo entre o leitor e o texto, amalgama-se o ser humano do amanhã.
(ROMILSON JOSÉ DA SILVA É PROFESSOR DO DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA (UEL), página 3, FOLHA MAIS, PENSAR MAIS, 22 e 23 de outubro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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