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sexta-feira, 9 de setembro de 2016

REDE ECUMÊNICA COLOCA JOVENS NA LINHA DE FRENTE

Maria Eduarda Garcia, Franciel da Silva e Bárbara Venturini:  de diferentes crenças, mas unidos por um bem comum
  Integrante da Reju lutam por unidade religiosa e um mundo mais justo;de hoje a domingo, grupo promove em Londrina o 2º Encontro Estadual Ecumênico 
   O conceito de rede não é novo, mas não faz muito tempo que começou a ser adotado com mais frequência por organizações que querem se libertar de modo piramidal, alicerçado na figura do chefe que dá ordens a um grupo de subordinados. Em uma rede, a responsabilidade é exercida de forma horizontal e as decisões são tomadas em conjunto por todos os integrantes. A Rede Ecumênica da Juventude (Reju), criada em 2007, tem uma estrutura baseada nesse método de organização em que tudo é feito de forma democrática e participativa. Assim, o ecumenismo ganha um sentido mais amplo do que a busca pela unidade entre igrejas e religiões e é exercido na forma de pensar a construção de um mundo mais justo também no âmbito social e político. 
   “A Reju busca uma unidade entre as crenças, mas não fala só do direito à liberdade religiosa, mas do direito à vida”, resume Maria Eduarda Garcia, uma das integrantes da rede e que participa também dos conselhos estadual e nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente. Nas discussões, há espaço para tratar de temas que envolvem os direitos humanos, passando pela tolerância e pelo respeito. “Há retrocessos nos direitos humanos e somente a partir do respeito é que se pode construir um mundo mais justo e tolerante. Hoje o que impera é o extremismo. Iniciar uma discussão acreditando estar 100% correto fica difícil. A gente não concorda sobre tudo, mas respeita a diversidade de opiniões e ideias.”
   Uma das lutas da Reju, destaca Maria Eduarda, é por um estado laico. “Nem sempre uma bancada evangélica é a melhor para o País. Nem tudo tem que estar vinculado à religião da maioria. As religiões de matriz africana, que vem crescendo, ainda não são respeitadas e são alvos de muitas piadas. E há ofensas também entre os cristãos. Não é porque nossa maioria é cristã que cristão não ofende cristão”, diz. 
   Maria Eduarda é católica e em seu discurso reforça o que acredita ser um verdadeiros cristão. “Sou apaixonada pela minha fé e dentro da Reju continuo me apaixonando pela religião, mas vejo que muitos caminhos levam a Deus.”
   Bárbara Luise Hiltel Venturini começou a viver o ecumenismo religioso dentro de sua casa. Filha de pai católico e mãe luterana, ela segue a religião materna, mas afirma ser ecumênica “de berço”. Embora tenha aprendido muito sobre tolerância no convívio familiar, Bárbara diz que foi na Reju que pôde ampliar suas vivências. “O contato com a vivência dos outros amplia as nossas. Aprendi muito com a Pastoral da Juventude (da Igreja Católica) porque há um troca de experiências. É um exercício. Muitas vezes isso não acontece dentro da nossa própria comunidade evangélica”, conta. “ A juventude movimenta a igreja para fora dos seus muros. Ser testemunho do amor de Deus entre quatro paredes é fácil, mas na rua, onde você encontra situações sociais diferentes, você tem que pensar como promover isso”, arremata. 
   Dentro das discussões sociais e políticas, a Reju em Londrina em participação efetiva em audiências públicas e está sempre presente em espaços de decisão de questões ligadas à juventude juntamente com o Movimento Ecumênico de Londrina. “Na Reju, o que nos une são as nossas crenças, religiões e igrejas, mas o nosso papel como rede é perceber o que está ao nosso redor porque seria esse o verdadeiro papel da igreja”, afirma Bárbara. 
   Franciel Wille Ribeiro de Souza da Silva vê no ecumenismo uma forma de “viver em abundância”, a base de sua religião, a anglicana. “Buscamos a qualidade de vida, o reconhecimento da dignidade humana, a diferença de opiniões, de gênero, orientação sexual e a promoção do bem comum. A religião, para a gente, é uma forma de nos conduzir tanto ao sagrado quanto ao próximo. A gente fala muito em protagonismo juvenil e a Reju quer formar jovens que protagonizam essa mudança. O jovem é o fio condutor de todos os movimentos, lutas e direitos pela igualdade da vida. Estamos na linha de frente.”
   De hoje até domingo, a Reju promove em Londrina o 2º Encontro Estadual Ecumênico, no Acampamento Shalom, na Rodovia José Garcia Campos, km3, Colônia Coroados (zona sul). O evento é aberto a todos os interessados e a expectativa dos organizadores é reunir cerca de cem participantes. As inscrições custam R$ 90. Mais informações podem ser obtidas na página Encontro Ecumênico do Paraná, no Facebook. (SIMONI SARIS – Reportagem Local, página 8, FOLHA GERAL, sexta-feira. 9 de setembro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA)..

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