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sábado, 17 de setembro de 2016

O CAMINHO PARA A ALFABETIZAÇÃO



   O conhecimento muda o mundo e precisa ser democrático. Saber ler e escrever é fundamental para o desenvolvimento e autoestima de homens, mulheres e crianças e possibilita que superem contextos de pobreza e desigualdade social. É a direção, inclusive ou principalmente, para melhorar os rumos de um país. E apesar de ser fundamental, na semana em que se comemora o Dia Mundial da Alfabetização (8 de setembro) os dados mostraram que ainda há um caminho longo para ampliar as oportunidades e incluir as crianças nesse processo.
   De acordo com dados da Unicef e da Unesco , em 2008, dos 117 milhões de crianças e jovens com idade escolar na América Latina e no Caribe, 6,5 milhões não frequentavam a escola. Além disso, 15,6 milhões estavam com atraso de dois anos ou mais, correndo grande risco de abandonar a escola. Diante desses indicadores, a Rede Latino-Americana de Organizações da Sociedade Civil pela Educação (Reduca) iniciou em agosto uma campanha de mobilização pela universalização do acesso e permanência das crianças e jovens na escola. A campanha, com a mensagem “A escola é sempre o melhor caminho”, envolve os 14 países membros do grupo. O Movimento Todos pela Educação é o representante brasileiro na Reduca e vai promover a campanha no País.
    A escola é o caminho, mas é importante ressaltar que o processo de alfabetização começa desde o nascimento da criança e nesse sentido a família tem papel fundamental para estimular e promover o aprendizado. A alfabetização começa assim que a criança nasce, pois já está exposta à linguagem, sons e hábitos da sociedade vigente. Todas as informações ao seu redor, ao longo da sua vida, contribuem para o aprendizado escolar, mas o que é mais significativo é a relação da família e importância que pais e responsáveis dão para o mundo letrado. Na escola, esse conhecimento inicial é consolidado e estendido. 
   O trabalho dos dois lados – família e escola – é grande, mas o básico para promover o desenvolvimento dos pequenos. Em casa, pais e familiares podem estimular a alfabetização ao valorizar a leitura e a escrita, compartilhar informações acerca do mundo que nos cerca, estimular a prática da leitura diariamente, lendo para os filhos e disponibilizando materiais para leitura (gibis, revistas, livros infantis, jornais, etc.). Além disso, é importante estimular o desenvolvimento de habilidades motoras com as brincadeiras na rua, em casa, pintar, colar, desenhar, jogar ou simplesmente estar com o filho em uma atividade pela qual ele interesse.
   Do outro lado, a escola oportuniza experiências e as conexões necessárias para a alfabetização, por isso é fundamental que todas as crianças tenham oportunidade e possibilidade de frequentar o ambiente escolar de qualidade. As atividades precisam ser planejadas para contemplar todas as habilidades que a educação formal exige, trabalhando habilidades de coordenação motora fina e grossa e as cognitivas de conhecimento dos sons das letras e sua relação na escrita. Na escola, é importante trabalhar habilidades para o desenvolvimento integral do indivíduo e as experiências reais sobre o mundo dão o referencial concreto para a alfabetização: aulas de culinária, visitas a mercados e bibliotecas, contação de histórias, teatro, aulas de ciências, músicas, entre outras.
   A possibilidade de aprendizado e a evolução constante é uma habilidade humana e é claro que as pessoas que não tiveram a oportunidade de se alfabetizar enquanto crianças, podem aprender, conhecer e experimentar algo novo com sucesso. Mas o desenvolvimento de habilidades de linguagem e escrita é mais indicado para crianças de ate 8 anos porque elas estão em um período de desenvolvimento mental e físico apropriados. Por isso, não podemos perder de vista que a escola é o caminho e que as crianças precisam ter acesso a ele. É urgente que esse processo seja de qualidade e democrático. O mundo precisa que nossas crianças se desenvolvam de forma adequada e no momento certo. (ANDRÉA PIZAIA ORNELLAS, diretora de escola de educação infantil e ensino fundamental em Londrina, página 2, coluna ESPAÇO ABERTO, sexta-feira, 16 de setembro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).  

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