Páginas

domingo, 18 de setembro de 2016

MUDAR OS HÁBITOS É UMA ESCOLHA


   Além de preparar as próprias refeições, nutricionista recomenda ler o rótulo dos produtos e evitar aqueles com muitos itens que não reconhecemos como “comida”
   A nutricionista e cozinheira Valéria Mortara, de Londrina, é uma entusiasta do ato de aprender a preparar os próprios alimentos para ter uma boa saúde. Ela ressalta, porém, que alimentação saudável depende da dedicação de um certo tempo para o preparo das refeições. “É uma ilusão achar que existe uma pessoa na indústria lavando tomate por tomate que será usado para fabricar o molho. Fazer em casa é mais gostoso e mais saudável, mas é claro que dá um pouco de trabalho”, diz. 
   Ela adverte que ter hábitos de alimentação mais saudável implica em realizar algumas mudanças no estilo de vida, inclusive reservando um tempo para cozinhar. “Ou a pessoa muda de hábito e vai para a cozinha ou segue acreditando que as regras da Vigilância Sanitária são suficientes para garantir comida saudável à mesa. São escolhas”, compara. 
   Entre os riscos de consumir muitos alimentos industrializados, Valéria desta o excesso de aditivos. “Sal, açúcar e gordura têm ação conservante e são adicionados aos alimentos para manter o tempo na prateleira. Já o leite UHT não têm bactéria alguma, apesar delas serem importantes para o nosso organismo. Sempre digo que comida boa é aquela que estraga”, brinca, esclarecendo que a “comida é “viva” e passa por um ciclo até ficar imprópria para o consumo. 
   Outra preocupação é que o consumo de alimentos processados cria um paladar “viciado” em açúcar e sal”, apesar da Organização Mundial de Saúde recomendar o consumo moderado dessas substâncias. “Suco de caixa ou achocolatado são excessivamente doces e deixam as crianças acostumadas com esse “sabor”, exemplifica. Aditivos como corantes ou conservantes também podem ser nocivos. “O consumo exagerado pode estar relacionado com o câncer, alergias, gastrites, problemas intestinais e circulatórios”, avisa. 
   Por entender que não dá para cortar todos os industrializados da mesa, Valéria ensina a ler o rótulo dos produtos e tentar evitar aqueles cuja lista de ingredientes contém muitos itens que não reconhecemos como “comida”. “Pão integral industrializado, por exemplo, tem muitos aditivos”, diz. 
   A dica para incorporar “comida de verdade” à mesa é se organizar para preparar os alimentos em casa no dia a dia. “Não funciona fazer tudo no fim de semana, pois a pessoa vai ficar cansada e desistir”, acredita. Começar preparando molho de tomate, geleia, pão, bolo e bolacha são as dicas de Valéria para quem quer comer melhor. “Quem consome alimentos saudáveis regularmente é claro que pode comer “porcarias” eventualmente. O que não pode é acumular resíduos que o corpo não reconhece.     O que diferencia o remédio do veneno é a dose”, cita. 
                      
   NA COZINHA DE MICHELE, SÓ PRODUTOS NATURAIS
                                   
A fotógrafa Michele de Melo prepara quase tudo o que come. "Não me acostumo como sabor muito doce ou muito salgado dos alimentos prontos"
  A infância e adolescência, vividas em Santa Catarina deixaram a fotógrafa Michele de Melo “mal acostumada” com as comidas caseiras preparadas pela mãe. Na cidade natal, a família sempre comprou leite, manteiga e ovos de produtores locais, assim como verduras, frutas e legumes consumidos no dia a dia. Muita coisa também era cultivada na horta que a mãe mantinha em casa e até os remédios eram preferencialmente caseiros. Por isso, quando se mudou para Londrina para estudar, Michele não se adaptou ao hábito de comer em restaurantes ou mesmo consumir produtos industrializados. 
   “Comecei a trazer os produtos de Santa Catarina e fui aprendendo as receitas da minha mãe. Hoje preparo quase tudo que consumo “, conta ela, que sempre dá preferência a alimentos comprados de produtores locais. “Não me acostumo com o sabor muito doce ou muito salgado dos alimentos prontos.”
   Entusiasta dos doces, ela sempre prepara as receitas com açúcar demerara orgânico e aromatiza com favas de baunilha para não exagerar no açúcar. Leite condensado, uma unanimidade da confeitaria brasileira, não entra na cozinha de Michele. “Acho muito doce. Prefiro passar horas dando o ponto no creme feito com leite e açúcar!, conta. Alfajor e pão de mel são as especialidades da fotógrafa, que usa mel comprado direto do produtor e doce de leite argentino. “Só não faço doce de leite caseiro porque ainda não conheço produtores de leite em Londrina. Mas não como os que vêm em potes e nunca fiz brigadeiro”, revela ela, que também dá preferência para o trigo integral nas massas. “Faço meu próprio macarrão, mas quando não dá tempo, compro integral”, ensina. 
   AS especialidades de Michele podem ser conferidas no instagram “Cozinha da quinta”, onde ela posta fotos das receitas. “Adoro cozinhar e fotografar”, destaca ela, que considera a cozinha uma “terapia”. “ Agora estou tentando criar meu próprio fermento para fazer pão, mas o clima não está ajudando.”
   Os resultados dos bons hábitos alimentares são sentidos no prazer de comer comidas sempre frescas e também na saúde. “Meu pai sempre diz que a boa alimentação melhora a imunidade. Acredito que seja verdade, pois quase nunca fico doente.” (C,A. ( CAROLINA AVANSINI – Reportagem Local, FOLHA ESPECIAL, página 9, INDUSTRIALIZADOS, 17 e 18 de setembro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

Nenhum comentário:

Postar um comentário