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quinta-feira, 15 de setembro de 2016

LIDERANÇA SEM IDADE

"A pessoa não pode querer crescer muito rápido. Ela precisa  deixar as coisas acontecerem naturalmente, agregando a vida pessoal com o perfeiçoamento", avalia Éderson Nunes
   Jovens mostram que ter pouca experiência não é empecilho para quem almeja um cargo de confiança no mercado de trabalho. 
   Conseguir alçar qualquer cargo de liderança dentro de uma empresa é o sonho de muitos profissionais. Se antes ter uma carreira sólida e muitos anos de experiência eram requisitos básicos para isso, hoje a geração “y” mostra que a idade não é sinônimo de falta de competência ou gestão. “Acredito que os jovens não têm medo de errar e isso é um diferencial em relação a quem tem mais idade”, destaca Anderson Luís dos Santos, que aos 22 anos é gerente geral de uma concessionária de carros importados em Londrina.
   Anderson veio de Curitiba para assumir a nova função. Sua trajetória na empresa começou na função de entregador de veículos, quando tinha 18 anos e permaneceu por cinco meses no cargo até ir para o setor de vendas, no qual trabalhou mais três anos até ser gerente. Segundo ele, a pouca idade não atrapalhou na conquista de boa colocação. “Idade não é sinônimo de competência. Quando me tornei gerente, não senti dificuldades no relacionamento com as pessoas ou na função”, afirma. 
   Funcionário mais novo da concessionária em Londrina, Anderson comanda uma equipe de 15 pessoas e é responsável por toda a gestão comercial do espaço, o que é uma grande responsabilidade, como ele mesmo frisa. E para quem pensa que a atual colocação o impede de quer mais está enganado. “ A zona de conforto não cabe no meu vocabulário. Tenho ciência da minha vontade de crescimento e quero cada vez mais.”
   Outro exemplo positivo de que liderança não depende de idade é Éderson Júnior Nunes, de 27 anos. Atualmente gerente dos dois maiores setores de uma loja de materiais esportivos na cidade, ele começou sua carreira como empacotador em um supermercado aos 16, quando passou por vários estágios até se tornar o gerente geral. Ele conta que no começo sentiu certa resistência por ser jovem, o que foi logo superado. 
   “Quando assumi a gerência do mercado, sofri dificuldades porque os colaboradores eram todos mais velhos do que eu. Mas acredito que o preconceito era mais meu do que das pessoas” relembra ele, que aposta no foco para quem quer ascensão no trabalho. “A pessoa não pode querer crescer muito rápido. Ela precisa deixar as coisas acontecerem naturalmente, agregando a vida pessoal com o aperfeiçoamento”, avalia. 
   Com uma carreira consolidada mesmo em pouco tempo, Éderson aposta no estudo para buscar novas metas. “Adaptei meu projeto de vida profissional com pouco tempo de trabalho. Hoje tenho planos de me tornar diretor e ter um negócio próprio. Ser gerente cedo me ajudou a ter uma visão a longo prazo”, conta ele que está terminando o curso de Administração .

   HABILIDADE EMOCIONAL 
   Saber onde se quer chegar, reconhecendo suas habilidades e pontos fracos, é fator importante para quem deseja crescer profissionalmente. Além disso, provar diariamente sua capacidade para os mais velhos é um dos desafios de quem se torna líder com pouca idade. “A liderança não é algo fácil. Mais do que ter competência técnica, é preciso desenvolver habilidade emocional e resiliência”, ressalta o organizador organizacional e máster coach da Concept Consultoria, Fabiano Zanzin. 
   Ele explica que as empresas atualmente estão mais receptivas e preparadas para receber os jovens. “Antigamente era preciso ser conhecido da empresa e ter anos de trabalho para ser um gestor, independente da qualidade. E hoje o fato de ser jovem não quer dizer que ele não tenha isso”, diz. “Temos, dois tipos de jovem: o que já sabe o que quer e chega orientado, por ter feito estágio ou alguma vivência, e aquele que apenas concluiu a faculdade e vai tentar entrar no mercado de trabalho confiando no diploma”. 

   ESCALADA PROFISSIONAL 
   Para chegar a ‘degraus mais altos’ na empresa, jovens mostram algumas qualidades importantes em relação aos mais velhos.

   DEDICAÇÃO – Os líderes jovens estão em constante busca de cumprir os objetivos pessoais e da empresa. Dedicam grande energia para ambos e dificilmente ficam estagnados. 
   MELHORAR CONSTANTEMENTE - O maior foco desses líderes é conseguir respeitabilidade. Por isso, buscam sempre formas de ampliar o conhecimento que têm, seja por meio de situações cotidianas ou dos estudos.
   ACEITAR BEM AS MUDANÇAS – Pela pouca idade, esses líderes são muito abertos à mudanças. Estão sempre tendo novas ideias e encontrando formas de implementá-las para melhorar os negócios. Como têm essa postura, costumam atingir mais facilmente o objetivo que desejam. 
   TER GRANDES OBJETIVOS – Os mais novos tendem a projetar metas muito maiores do que as pessoas mais velhas, porque ainda estão dispostas a correr grandes riscos para conseguirem o que almejam. Outro ponto positivo é que fazem com que a equipe sinta-se motivada para lutar pelas metas traçadas. 
   ACREDITAR NA IMPORTÂNCIA DOS FEEDBAKS – Os jovens costumam entender e valorizar o recebimento de feedbacks acerca  do trabalho que realizam. Assim, ao estarem dispostos a ouvir o que precisam melhorar e o que executam bem, melhoram ainda mais o desempenho diário, fazendo com que sintam-se ainda mais motivados e busquem cada vez mais elogios. 

   EMPRESAS APOSTAM NOS JOVENS
   De janeiro a junho deste ano, 182.528 vagas foram criadas dentro das faixas etárias até 24 anos. O número é surpreendente em comparação as demais faixas, em que, no mesmo período, as demissões superaram as contratações, com saldo final de menos 531.765 postos de trabalho no Brasil, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Empregadores (Caged).
   O resultado é a prova da força da juventude no mercado de trabalho , que vem conseguindo se superar mesmo em tempos de crise. Em Cambé, uma multinacional argentina, especializada no melhoramento genético da soja, aposta na “geração Y”. Dos 70 funcionários, cerca de 45 são jovens, o que representa 60% dos colaboradores.
   “O diferencial dessas pessoas é que estão com a “cabeça limpa’, o que é importante para quem quer aprender. Hoje este profissional aceita ficar um tempo em cada setor, diferente de quem já está há mais tempo no mercado de trabalho e tem uma flexibilidade bem menor”, aponta Demisson Borges, gerente de recursos humanos da GDM genética, empresa que tem como cultura formar jovens profissionais. 
   Por ter um nicho de atualização restrito, a organização tem desde o ano passado o projeto “Jovens Profissionais”, em que contratam pessoas dispostas a permanecer um período em cada setor, para conhecer e ver se as mesmas possuem perfil e potencial para assumir uma responsabilidade efetiva. “Buscamos por meio do programa encontrar jovens que possam evoluir. E assim, ao invés de procurarmos alguém de fora para contratar, damos oportunidade para quem já está na empresa.”
   Em Londrina, uma grande rede varejista de roupas também abre oportunidades para os jovens. Para a gerente Joana Gonçalves de Osti, o fato da loja estar instalada em um shopping faz com que os mais novos busquem emprego, já que tem mais disponibilidade. “Procuro no candidato entusiasmo. Comprometimento e responsabilidade. O jovem que quer trabalhar no varejo precisa ter muito empenho, porque é uma adrenalina, e busca por objetivos constante”, destaca. (P.M;) (PEDRO MARCONI – Especial para a FOLHA, caderno FOLHA EMPREGOS & CONCURSOS, segunda-feira, 12 de setembro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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