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sábado, 2 de julho de 2016

UMA DOENÇA GRAVE E SISTÊMICA


   O nome Sépsi, da nova fase da Operação Lava Jato, é um recado bem claro da Polícia Federal (PF) sobre a corrupção na política e nos órgãos públicos brasileiros. Se recorrermos ao site de um dos médicos mais famosos do País, Drauzio Varella, encontramos a definição de sépsi como “uma doença sistêmica acentuada diante de uma infecção, na maior parte das vezes causada por bactérias”. Em sua explicação, Vallera lembra que a doença pode provocar a falência de múltiplos órgãos. É o que se está vendo com o desdobramento da Lava Jato, que revelam a roubalheira generalizada indo além da Petrobras e atingindo outras empresas. Na operação realizada ontem, foi preso em São Paulo o doleiro Lúcio Bolonha Funaro, nome ligado ao presidente afastado da Câmara dos Deputados , Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Empresários de grandes grupos, como JBS e Gol Linhas Aéreas também foram alvos de mandados de busca e apreensão. A Sépsia é resultado das delações premiadas de Fábio Cleto, ex-vice-presidente da Caixa Econômica Federal. O objetivo é investigar um suposto esquema de pagamento de propinas para liberação de recursos do Fundo de Investimentos do FGTS , administrado pelo banco. Segundo Cleto, Eduardo Cunha teria recebido propinas em 12 operações de grupos empresariais que tiveram aportes milionários do FGTS. O ex-vice da Caixa relatou que tinha reuniões semanais com o peemedebista, em Brasília, para informar detalhadamente quais grupos buscavam apoio do banco público. A partir dali, segundo o delator, os dois definiam quem seria alvo de achaque. Se a denúncia se confirmar, Cunha seria o beneficiário de 80% do total da propina operada no esquema da Caixa. Os desdobramentos da Lava Jato e revelações de esquemas grandiosos além da Petrobras nos levam a questionar: haverá um ponto final nas investigações? Como concluir uma operação que parece não ter fim? Por enquanto, a única certeza é a de que não adianta somente prender os culpados. É preciso prender e punir severamente os políticos corruptos e promover com urgência a reforma do sistema político brasileiro. (FOLHA OPINIÃO opiniao@folhadelondrina.com.br página 2, sábado, 2 de julho de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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