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sábado, 2 de julho de 2016

CÓDIGO FLORESTAL NÃO PROTEGE BEM ESPÉCIES, DIZ ESTUDO

A interferência humana na Amazônia, mesmo em pequena escola, pode prejudicar espécies como o gralhão (esq) e ararajuba (dir.), que só se estabelecem em locais mais remotos.
   Para autores de pesquisas publicada na “Nature”, preocupação unicamente com tamanho da área preservada não resolve a questão
   O novo código florestal pode estar falhando na proteção do ecossistema da Amazônia. Um estudo, desenvolvido a partir da parceria de 18 instituições de vários países, entre eles a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), a USP e a Imazon, mostrou que apenas preservar a mata nativa não garante a conservação da biodiversidade. A pesquisa foi publicada nesta quinta (29) na revista “Nature”. 
   O foco do estudo foi o Pará, onde ocorreu, entre 1988 e 2015, 34% de todo desmatamento da floresta amazônica brasileira. Das 36 regiões analisadas no estado, 31 apresentavam algum vestígio de mata nativa e e cinco estavam totalmente desmatadas. Ao todo foram encontradas 1.538 espécies de plantas, 460 de pássaros e 156 de besouros. Mamíferos não foram considerados na pesquisa. 
   Ignorar a atividade madeireira, os incêndios e a fragmentação das áreas de floresta é o erro da política ambiental brasileira, segundo os autores. As análises feitas indicam que estas interferências são tão danosas para a biodiversidade quanto o próprio desmatamento.
   Os resultados mostram também que as espécies com maior risco de extinção, como pássaros endêmicos (somente encontrado em determinada região), são a mais afetadas. Mesmo propriedades com 80% da mata nativa preservada sofreram perdas relacionadas à conservação ambiental. Esse é o percentual de preservação exigido pelo código florestal nas propriedades amazônicas. 
   Além da proteção quantitativa das florestas tropicais, o estudo sugere a preocupação com a qualidade de preservação das matas restantes. 
   Uma ideia seria criar conexões entre áreas de preservação, utilizando fazendas ociosas como corredores para trânsito de espécies. (PHILLIPPE WATANABE – Colaboração para a FOLHA, CIÊNCIA + SAÚDE, quinta-feira, 30 de junho de 2016, publicação do jornal FOLHA DE S. PAULO).

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