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sábado, 9 de julho de 2016

TERRA ROXA, SOLO FÉRTIL: CONHEÇA LONDRINA




   Essa história não foi vivida por mim, mas desde sempre eu costumava ouvi-la de minha mãe, do meu avô materno e dos tios do interior de São Paulo. A família Gonçalves era bem grande, formada por dez irmãos. Meu avô, mesmo com a família numerosa, era caprichoso com os filhos e contratava uma professora para ensiná-los a ler e a escrever, o que, naquele tempo, era coisa rara. Mas a história de minha mãe, sobre como ouviu falar de Londrina, no Norte do Paraná, pela primeira vez, foi muito interessante. 
   Minha avó Aninha, mesmo cuidando da filharada e passando seus apuros, gostava de ter sua casa limpa e arrumada. Nas prateleiras da despensa, que eu cheguei a conhecer, ela colocava toalhinhas recortadas, em formato de renda, feitas de folhas de jornais que, raríssimos, vinham da cidade. E foi assim que, em meados dos anos 1930, minha mãe começa a ler suas primeiras palavras, entre elas entre elas Londrina, nas toalhinhas feitas de papel. Provavelmente tratava-se de propagandas de loteadoras, ou da Cia de Terras Norte do Paraná, cuja política era favorecer trabalhadores sem posse dando oportunidade de adquirirem pequenos lotes com condições de pagamento adequadas às condições do comprador. 
   Ela leu e gravou o nome de Londrina, terra roxa (uma cor esquisita para o entendimento de criança), de solo muito fértil, no Norte do Paraná, que dava seus primeiros passos na colonização. 
   Também a conversa de seus pais com os compadres, sitiantes da redondeza, sobre essa terra promissora, que prometia muito progresso e desenvolvimento, ficaram marcadas em sua memória. 
    Londrina, como seria esse lugar de terras tão férteis e atraentes, terra roxa, vermelha, diferente do sítio onde ela morava?
   Anos mais tarde minha mãe se casou e ela e meu pai se mudaram imediatamente para o Paraná, inicialmente em Porecatu, acompanhando meu avô paterno, construindo assim sua família e sua história. 
   No final dos anos 1970, coincidentemente, a família veio para Londrina, não mais atraída pela terra roxa pela lavoura cafeeira, pela agricultura, mas pela necessidade de criar novas oportunidades de trabalho e estudo para nós, os filhos, além de melhores condições de vida, o que a cidade nos oferecia e ainda oferece. 
   Morando em Londrina há quase 40 anos e, como professora municipal, conheci um pouco mais da trajetória e desenvolvimento desta querida cidade, já fazendo parte do povo londrinense, sinto orgulho de conhecer e poder contar esse pequeno detalhe da história da cidade, vivido por minha mãe. Encerrando com um trecho do Hino à Londrina, destaco uma propaganda longínqua, corriqueira, que não se perdeu no tempo, mas se tornou, com toda honra, uma grande realização: “Seu solo fecundo, feraz, generoso, a quem, carinhoso, lhe deixa a semente, por uma dá mil! Padrão de trabalho plantado na história! Londrina! Cidade que um povo viril ergueu para a glória do nosso Brasil!” (ESTELA MARIA FREDERICO FERREIRA, leitora desta FOLHA, página 2, espaço DEDO DE PROSA, FOLHA RURAL, sábado, 9 de julho de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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