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quinta-feira, 30 de junho de 2016

PRISÃO REVOGADA


   Suspeito de receber propina em um esquema que lesou milhares de servidores públicos, o ex-ministro Paulo Bernardo teve a prisão revogada, ontem, por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). O petista foi detido, na última quinta-feira, durante a Operação Custo Brasil, que investiga desvios do Ministério do Planejamento. Bernardo, que começou a carreira política em Londrina, é marido da senadora Gleisi Hoffmann (PT) e esteve à frente da pasta do Planejamento, no governo Luiz Inácio Lula da Silva, e das Comunicações, no primeiro mandato de Dilma Rousseff, ambos do PT. A Custo Brasil é um braço da Lava Jato e o golpe identificado pela Polícia Federal movimentou uma quantia alta: R$ 100 milhões. Era um “trabalho” de formiguinha. A cada parcela de empréstimo consignado paga por servidores federais, R$ 0,70 ficava para a turma da propina , nesse caso políticos, o Partido dos Trabalhadores, além de operadores do esquema. Como o golpe se prolongou por seis anos, os criminosos conseguiram juntar os R$ 100 milhões. A prisão de Paulo Bernardo trouxe de volta os holofotes do noticiário político para o PT, após um período em que as atenções se voltaram para os escândalos do PMDB. E os petistas devem permanecer ainda no centro da polêmica, pois a decisão do ministro Dias Toffoli está gerando repercussão. Isso porque Toffoli teve a indicação ao Supremo questionada justamente pela grande proximidade que ele tem com o PT – ele foi Advogado-Geral da União durante o governo Lula e antes disso defendeu a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e o PT nas campanhas de 1998, 2002 e 2006. Chama atenção que em sua decisão, o ministro do Supremo usou o emblemático processo do Mensalão para justificar a liberação do petista e apontou “constrangimento ilegal” na prisão de Paulo Bernardo. Espera-se que Toffoli tenha levado em conta a ousadia do grupo que operava a propina no Ministério do Planejamento, pois mesmo depois que o golpe foi descoberto, durante o Pixuleco II, os criminosos continuaram o esquema. A população brasileira está vendo políticos e governos caindo em descrédito a todo momento que surge uma nova revelação da Lava Jato. O STF, órgão máximo do Poder Judiciário, não pode cair em descrédito. (FOLHA OPINÃO opiniao@folhadelondrina.com.br página 2, quinta—feira, 30 de junho de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA). 

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