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domingo, 12 de junho de 2016

DESAFIOS PARA O MERCOSUL


   O Mercado Comum do Sul (Mercosul) completou 25 anos com a necessidade de se reinventar. Criado em março de 1991, com a Assinatura do Tratado de Assunção, a proposta era fortalecer o comércio e a integração entre os membros, Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina. Passadas mais de duas décadas, o setor produtivo brasileiro se queixa que o bloco ficou na promessa. Hoje, com mais integrantes e países associados, o Mercosul representa 275 milhões de habitantes, ou 69,78% da América do Sul. Esse grande bloco é o tema da reportagem deste domingo da Folha de Londrina. 
   Fontes ouvidas pela FOLHA opinam que não houve a unidade necessária e tanto a indústria quanto o agronegócio elegeram mercados fora do continente, como a China. Quase 90% das exportações brasileiras para o Mercosul são de produtos industrializados. Para as cooperativas, o bloco é importante, mas não é considerado estratégico. 
   Quanto às indústrias, o setor reconhece que a união facilitou a realização de negócios entre os membros, principalmente em relação à redução das barreiras alfandegárias e burocráticas. Mas há uma crítica importante, a de que os países continuam impondo mecanismos protecionistas, o que não deveria acontecer já que existe o acordo. De janeiro a abril deste ano, enquanto o Brasil exportou US$ 3,4 bilhões para os chamados países em desenvolvimento, as vendas para a América do Sul não passaram de US$ 822,6 milhões.
   Se depender do ministro das Relações Exteriores, José Serra, o Brasil continuará buscando mercado fora do continente. Por isso, ele defendeu uma postura de flexibilização nas negociações, dizendo que o País não pode usar o Mercosul como instrumento de “preguiça” para não buscar outros desafios. 
   Vale ressaltar que o desenvolvimento econômico dos países do bloco não é a única proposta que caminha mal. Enquanto iniciativa de integração cultural, o Mercosul também precisa melhorar. A população de um país conhece pouco sobre a cultura e as tradições de seus vizinhos. 
   O tratado assinado 25 anos atrás deveria ter ajudado a América do Sula se identificar e se orgulhar da história e da cultura do continente. O sucesso do Mercosul depende de muitos desafios, principalmente a consolidação como grupo, a exemplo do que acontece na União Europeia. Para funcionar de fato é preciso uma liderança forte e uma proposta séria de coesão. (FOLHA OPINIÃO opiniao@folhadelondrina.com.br página 2, domingo, 12 de junho de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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