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segunda-feira, 6 de junho de 2016

CULTURA DO ESTUPRO


   A cultura do estupro, aquela tendência da sociedade em minimizar esse tipo de crime e culpar as vítimas pelo ato, está enraizada no comportamento do brasileiro. Esse hábito de diminuir a violência sexual foi percebido nos dias que se seguiram à divulgação de um caso de estupro coletivo contra uma adolescente de 16 anos, no Rio de Janeiro. Se perguntar, todos vão concordar que o estupro é um dos piores crimes que existem. Mas por que a sociedade insiste em abafar essas ocorrências? Do primeiro delegado que atendeu a jovem carioca a inúmeras manifestações nas redes sociais, foram muitos que culparam não os estupradores, mas a própria menina. Enquanto a sociedade achar difícil falar sore estupro, o número de casos de violência sexual contra a mulher continuará alto. Como a Folha de Londrina mostrou em reportagem publicada na edição de ontem, esse tipo de crime é uma ameaça constante às brasileiras. As estatísticas coletadas pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública em 2014 indicam que foram registrados 47.646 estupros no Brasil naquele ano, o que significa pelo menos 130 mulheres violentadas diariamente no País. O Paraná é o terceiro estado com maior número absoluto de estupros no mesmo ano, ficando atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro. Ainda é preciso considerar que o medo de julgamento e a vergonha impedem muitas vítimas de denunciarem o estupro, levando à subnotificação. A cultura do estupro é fruto do machismo e reflete uma sociedade com forte dominação masculina. Após a divulgação do caso do Rio de janeiro, milhares de mulheres foram à rua protestar contra a cultura do estupro. Se não essa forte reação, provavelmente o presidente Michel Temer (PMDB) não teria se apressado em anunciar a criação de um núcleo, na Polícia Federal, para combater a violência sexual contra as mulheres. Acabar com a cultura do estupro não será fácil. Por um lado, depende de uma polícia preparada para lidar com esse assunto e de punição aos culpados. Por outro lado, precisa de conscientização constante e de educação voltada para a igualdade entre homens e mulheres. (FOLHA OPINIÃO opiniao@folhadelondrina.com.br página 2, segunda-feira, 6 de Junho de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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