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quarta-feira, 1 de junho de 2016

AS LEIS DA MÚSICA



   Londrinense aposta no gerenciamento de tempo para seguir simultaneamente com as carreiras de promotor da Justiça e músico

   Luke de Held escolheu programa tipicamente londrinense como cenário da entrevista para a Folha de Londrina: o domingo de manhã no Mercado Shangri-lá . “Só não pode ser muito cedo porque tenho show na véspera”, avisou. Mas foi apenas durante o pate-papo que ele contou o que o levou a sugerir o endereço: “Além de ser um local icônico da cidade, o Mercado foi idealizado pelo meu pai”, conta o promotor de Justiça e músico londrinense. 
   Filho do empreendedor Lucilio de Held, Luke lembra que o pai também foi o responsável pelo loteamento do Jardim Sangri-lá. “E o Mercado estava integrado ao loteamento”, conta. “Londrina vivia um surto enorme de desenvolvimento em função da economia cafeeira e isso conspirou a favor dos empreendedores, e meu pai tinha esse espírito.”
   Com a paixão pela música, que descobriu aos 6 anos, Luke também vem desenvolvendo um lado empreendedor todo próprio. No mês passado, promoveu o 1º Redland Music Festival em Londrina e já planeja repetir a dose ano que vem. Em três dias de festival, foram 30 shows em três endereços diferentes. “O próximo vai ser como gestar um filho, vamos começar a planejar nove meses antes.” 
   “Em 2013 foi convidado para acompanhar o Decio Caetano no Mississipi Delta Blues Festival, em Caxias do Sul (RS), que é o segundo maior festival de blues do mundo. E voltei de lá maravilhado”, conta Luke. “Mudou minha vida de musicalmente. Tive a oportunidade de ver e interagir com os melhores do mundo. Tocar um set de uma hora e meia com um cara como Álamo Leal vale por 10 anos de aprendizado”, conta. 
   Na volta a Londrina, Luke elencou algumas semelhanças de Caxias do Sul com a cidade natal: “As duas são as segundas maiores cidades de seus estados e têm mais ou menos o mesmo número de habitantes”. E foi assim que surgiu a ideia de “tentar realizar algo parecido por aqui”. Mesmo antes da primeira edição do Redland, Luke já vinha se esmerando na promoção do Circuito Internacional de Blues na cidade. 
   Uma curiosidade de criança o levou, aos 6 anos, a colocar o vinil dos Beatles para tocar na “Sonatinha azul, que tinha a caixa de som na tampa”, resgata. “Meu coração disparou, foi uma experiência sensorial intensa.” Esse foi o primeiro dos três momentos marcantes que Luke cita como definitivos em sua trajetória musical.
   “No segundo momento eu tinha 15 para 16 anos, numa apresentação no auditório do Marista. A Cláudia Volpato tocou duas músicas e aquilo mexeu comigo. Percebi o poder que a música tem de tocar o coração das pessoas”, relata. Em dois dias ele estava matriculado em um curso de violão. “Mas foram só três meses, não era aquilo que eu queria, queria rock. Saí pra ser autodidata”, conta. 
   O terceiro momento foi o contato com o programa de rádio Azylo Hotel, do Paulo Rock’n’roll. Foi nessa época que Luke montou sua primeira banda, batizada de Santo Presépio, que tinha o cantor Ivo Pessoa como um dos integrantes. “Era uma banda autoral, mas mais porque não tínhamos competência para tirar os covers”, diverte-se o músico. 
   Apesar da veia musical surgida na adolescência, Luke escolheu a faculdade de Direito para seguir carreira. “Havia uma cobrança familiar forte”, lembra. “Sempre acreditei, desde a faculdade, que o Direito é, antes de tudo, uma ferramenta de libertação”, justifica. Mesmo durante os cerca de três anos que estudou para se preparar para os concursos, Luke nunca parou de tocar. “A época que menos toquei foram os quatro primeiros anos em Guaratuba”, lembra o músico, que por 10 anos foi promotor no litoral paranaense, até pedir a transferência para Astorga. 
   “A música voltou com mais frequência quando recebi um convite de uns amigos para tocar no Crossroad , em Curitiba. E aí surgiu a questão de gerenciar o tempo para conciliar as duas coisas. Foi uma época particularmente desafiadora. Tocava toda sexta e sábado e vivia no fuso horário asiático, trocando a noite pelo dia”, conta. 
   Em Curitiba, onde cursou a Universidade Federal do Paraná, integrou a banda Crackerjack, antes disso montou A Chave do Som, com o conterrâneo Elieser Botelho Júnior. Em Guaratuba, uniu-se aos irmãos Ronaldo e Renato Prigoli na Rockbrothers. De volta à terra natal, empresta o nome à Luke de Held & The Lucky Band, com Sara Secco Delallo, Diogo Morgado e Wellington Souza.
   “Sou um aficionado por Star Wars e aproveitei que nome, Lucilio de Held Júnior, comportava e assumi o Luke, em 1983, época da primeira trilogia”, entrega o músico sobre o apelido que escolheu para si mesmo e transformo em grife musical. (KARLA MATILDA – REPORTAGEM LOCAL , caderno FOLHA GENTE, domingo, 29 de maio de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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