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sexta-feira, 6 de maio de 2016

UMA INTERVENÇÃO NECESSÁRIA


   O Supremo Tribunal Federal (STF) afastou do cargo, ontem, a principal pedra no sapato de Dilma Rousseff o deputado federal e presidente da Câmara, Eduardo Cunha, do PMDB do Rio de Janeiro. Mas embora a decisão da Corte tenha acendido uma fagulha de esperança entre os governistas, é muito difícil que traga algum impacto ao processo de impeachment da presidente no Senado. Os 11 ministros do Supremo foram contra Cunha e o STF manteve a liminar expedida ontem de manhã por Teori Zavascki. É interessante observar, porém, que o pedido de afastamento do peemedebista foi feito pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, cinco meses atrás. E acabou sendo emitido no dia em que estava marcado para a Corte votar ação proposta pela Rede para tirar Cunha da presidência da Câmara. O partido de Marina Silva sustenta que, por ser réu da Lava Jato, o político carioca não deveria estar na linha sucessória da Presidência da República. Cunha responde a processo no STF por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. Teria se beneficiado – e muito – do esquema do Petrolão. Janot argumenta também que ele estaria usando do cargo para atrapalhar as investigações da Lava Jato. O afastamento do peemedebista não deve impactar o processo de impeachment porque o caso já seguiu para Senado e, mesmo que vire argumento de defesa de Dilma, não deve sensibilizar quem já decidiu o voto. Além disso, era mais que esperado o afastamento pela via judicial, daquele que até ontem era o mais poderoso político brasileiro. Cunha fez forte oposição a Dilma, arquitetou o processo de impeachment e com o profundo conhecimento que tem do regimento da Câmara, escolhia o que deveria ir para a “gaveta” e o que deveria seguir para a pauta. A suspensão de Cunha é uma clara intervenção do Judiciário no Legislativo, mas uma intervenção necessária. Quando a maioria do ovo se manifesta pedindo que o País seja passado a limpo, é inaceitável a permanência dele na principal cadeira da Câmara. Independente de partido, todos os acusados de corrupção deveriam ser afastados de seus cargos para serem julgados. E tão importante quanto punir os culpados, é preciso que o cidadão repense a maneira como vê a política. Enfim, a sociedade deve refletir sobre essa infeliz capacidade dos brasileiros em tolerar políticos corruptos. O país só vai mudar para melhor quando o eleitor considerar realmente intolerável conviver com a roubalheira na política. ( FOLHA OPINIÃO, opiniao@folhadelondrina.com.br página 2, sexta-feira, 6 de maio de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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