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domingo, 29 de maio de 2016

POLÍTICA E INTOLERÂNCIA


   É cada vez mais preocupante o acirramento das manifestações nas ruas e nas redes sociais entre defensores da presidente afastada Dilma Rousseff e aqueles que querem o impeachment da petista. As agressões que partem dos dois lados desmascaram o mito de cordialidade do povo brasileiro, como mostra reportagem de hoje da Folha de Londrina. Quando o assunto é política, religião e futebol, o nível de intolerância do povo tende a subir. A situação ficou mais evidente a partir das eleições de 2014, com uma importante ajuda das redes sociais e seus comentário agressivos, provocando até briga entre familiares. No mundo corporativo, também há consequências para quem se expõe demais ou mostra ideias diferentes.
   Há uma tendência muito forte à intolerância e é preciso tomar cuidado porque, em muitos casos, as posições políticas viraram uma crença. O brasileiro mudou nos últimos três anos, desde as manifestações de junho de 2013, quando o povo foi às ruas exigindo mudanças. Mas o que restou do “Vem pra rua” e “O gigante acordou”? O combate à corrupção ainda é o tema comum, porém, a população de um país tão dividido se manifesta agora por cartazes e slogans muito mais agressivos. 
   É altamente positivo o fato do brasileiro ter começado a se interessar por política, mas o cidadão precisa perceber que se trata de um processo que caminha pelo debate das ideias. Discutir política de forma saudável é deixar o individualismo de lado e ouvir educadamente as opiniões divergentes. Na democracia não há lugar para intolerância. Se a sociedade não acordar para isso, continuará vendo aparecer as figuras autoritárias com ideias preconceituosas e tendência à radicalização. 
   Quando esse posicionamento chega às ruas, surgem os episódios de violência. Como esquecer do caso de uma dona de casa do Guarujá (SP) que, ao ser confundida com uma pedófila, foi linchada e morta por uma multidão enfurecida? Ou do professor de história de S. Paulo que, confundido com um ladrão, só conseguiu impedir o seu linchamento dando uma aula sobre Revolução Francesa aos agressores e policiais?
   A intolerância leva à violência. Impedir o crescimento desse clima de ódio passa pelo entendimento de que a patrulha ideológica não combina com as regras democráticas. No processo de mudança do Pais, o cidadão tem que contribuir com ideias e não com insultos. (FOLHA OPINIÃO opiniao@folhadelondrina.com página 2, domingo, 29 de maio de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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