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terça-feira, 3 de maio de 2016

OS NOMES PRÓPRIOS E A ORTOGRAFIA


   Na última semana, o IBGE lançou uma ferramenta no seu site oficial chamada “Nomes no Brasil”, pelo qual qualquer pessoa pode fazer uma pesquisa e descobrir quantos brasileiros têm determinado nome. Os resultados são baseados no censo de 2010, que contabilizou cerca de 200 milhões de brasileiros, com mais de 130 mil nomes diferentes. Os mais populares continuam sendo José (quase 6 milhões de brasileiros) e Maria (quase 12 milhões).
   Além da parte divertida , que é descobrir quantas pessoas têm o mesmo nome que você ( eu descobri que há mais de 10 mil Flavianos no Brasil), a ferramenta permite algo a mais: descobrir quantas pessoas têm o nome escrito do mesmo jeito que o seu, já que a pesquisa é feita a partir da grafia que você digitou. “Luís”, por exemplo, com S e com acento , é o nome de quase um milhão de brasileiros; já a grafia “Luiz” com Z e sem acento, está na identidade de muito mais gente (mais de um milhão e cem mil).
   Mas, afinal, existe um jeito “certo” de escrever os nomes?
   A princípio, os nomes próprios fazem parte da língua e, como tal, deveriam seguir todas as regras de ortografia que se aplicam a qualquer outra palavra. Sendo assim, “Luís” com S e com acento, estaria correto, embora a maioria tenha preferido a grafia alternativa, com Z e sem acento. Isso de fato acontece em Portugal, onde os pais teriam muita dificuldade para registrar o filho com o nome “errado”. Já no Brasil não é bem assim. Temos uma questão cultural, segundo a qual a escolha do nome é um direito dos pais e isso deve ser respeitado, inclusive na ortografia.
   É lógico, às vezes, a “criatividade” dos pais pode ultrapassar os limites da simples ortografia, resultando em nomes um tanto quanto incomuns ou bizarros. Nesse caso, é possível que o cartório se recuse a fazer o registro se considerar que o nome pode trazer constrangimento à criança (há uma lei federal a respeito). E mesmo, futuramente, a pessoa pode solicitar na justiça a alteração do próprio nome. 
   Mas voltemos aos nomes mais comuns. Que regras determinam qual seria a grafia “correta”? Inicialmente, a origem do próprio nome. Por exemplo: “Tiago” vem do espanhol “Santiago” e, na sua origem nunca teve H, sendo, portanto, não recomendado a grafia “Thiago”. Em seguida , vêm as regras da língua portuguesa, como a que ensina que devemos usar S (e não Z) depois de um ditongo. Isso faz com que nomes como “Neusa” ou “Sousa” devam ser rescrito preferencialmente assim, e não “Neuza” ou “Souza”.
   Às vezes o desejo dos pais é homenagear alguém que admiram, mas acabam “adaptando” a grafia. O site do IBGE nos informa, por exemplo, que existem 47 brasileiros com o nome de “Waldisney”, todos, provavelmente em homenagem a Walt Disney.
   Bem, caso você esteja planejando ter filhos e ainda não escolheu o nome, ficam algumas dicas: 
   - Evite as letras K, W e Y. Embora tenham passado a fazer parte oficialmente de nosso alfabeto n última reforma ortográfica, são usadas basicamente em nomes estrangeiros.
   - Com exceção de SS e RR, evite também letras dobradas sem necessidade. Como em “Priscilla” ou “Anna”.
   - A letra H válida no início de alguns nomes, como “Helena”, mas geralmente não serve para nada em outra posição, como em “Thaís” ou o já citado “Thiago”. 
   - Consulte, caso tenha dúvidas, as regras de acentuação, para não errar em nomes como “Ânderson”, “Jéfferson”, “Míriam”, etc. 
   Se quiser, como eu, descobrir quantas pessoas têm o mesmo nome que você no Brasil, o endereço do site do IBGE é www.ibge.gov.br. Basta procurar pelo link “Nomes no Brasil”.
Ficou com alguma dúvida sobre seu nome (ou qualquer outro)? Mande para nosso e-mail. Até a próxima terça! ( FLAVIANO LOPES – Professor de Português e Estpanhol. Encaminhe as suas dúvidas e sugestões para bemdito14@gmail.com página 5, caderno FOLHA 2, espaço BEM DITO, terça-feira, 3 de maio de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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