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segunda-feira, 30 de maio de 2016

O MENINO É PAI DO HOMEM


   Pedro perguntou o que é o cosmos, e eu tento responder: Digo que cosmos é o conjunto de todas as coisas que existem no universo: plantas, estrelas, constelações, galáxias e a nossa casa. 
   - Até o grãozinho de areia, papai?
   - Até o grãozinho de areia, meu filho.
   Então ela pergunta se Deus é o cosmos. Eu respondo que não: Ele é maior que o cosmos, pois criou tudo que existe por amor. Sem o amor de Deus – que nós cristão denominamos Espírito Santo -, o ser humano estaria perdido em um universo indiferente. É o amor que liga o menor grão de areia aos confins do universo. 
A propósito, há uma excelente frase do papa João Paulo II. o santo do nosso tempo, que li alguns dias atrás: “A pessoa é o ser para o qual a única dimensão adequada é o amor. Nós somos justos no tocante a uma pessoa se a amamos: isto vale tanto para Deus quanto para os seres humanos. O amor por uma pessoa exclui que se possa tratá-la como um objeto de gozo”. 
   Crimes como o roubo, o estupro e o homicídio não podem ser atribuídos ao conjunto da sociedade. Um homem que faz fiu-fiu pode estar cometendo um ato grosseiro, mas NÃO É cúmplice de estupradores. Uma garota que fula a fila do banco fez uma coisa reprovável, mas NÃO É cúmplice do assalto à Petrobras. Um jovem que atravessou fora da faixa desrespeitou uma norma de trânsito, mas NÃO É um assassino. Até porque – volto a afirmar -, se todos são culpados, ninguém é culpado!
   Se quisermos ter um país livre da corrupção e da violência, precisamos julgar os acusados um a um, garantindo-lhes o direito constitucional de defesa, como está fazendo a Operação Lava Jato. O crime não consiste em ter votado no PT ou na esquerda, mas em participar de práticas lesivas ao bem público. 
   Nesta coluna, sempre faço declaração de amor públicas. É a minha maneira de dizer que um homem deve tratar os semelhantes com respeito e dignidade. O amor ao próximo não é um sentimento abstrato e coletivo, mas concreto e individual.
   Quando o cara só ama abstrações coletivas, na verdade só ama a si mesmo. O aproveitamento político do recente caso de estupro, por parte de grupos militantes, é a demonstração cabal de como o pensamento coletivista pode ser cúmplice do estupro à verdade. Para se ter uma ideia do oportunismo ideológico desses grupos, tem gente dizendo que o impeachment da sra. Dilma foi um “estupro coletivo”. Dizer isso não passa de uma descomunal falta de vergonha na cara! 
   “O menino é pai do homem:/ Que todos os meus dias sejam/ Unidos um a um por piedade natural”, diz o famoso poema de William Wordsworth. Punir todos os homens em nome do crime de alguns ou perdoar o crime de alguns em nome de todos os homens são atitudes gêmeas: equivalem a matar a criança dentro de nós. Não matem a criança tentem ser dignos de quem ela será amanhã.
   (Coluna dedicada ao querido tio Dinho, irmão mais velho de meu pai, que partiu neste domingo. (Coluna AVENIDA PARANÁ, página 6, FOLHA GERAL, espaço AVENIDA PARANÁ – por Paulo Briguet. Fale com o colunista: avenidaparana@folhadelondrina.com.br segunda-feira. 30 de maio de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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