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segunda-feira, 30 de maio de 2016

CONSCIOEDNTIZAR PARA ADOTAR


   A conscientização dos candidatos a pais adotivos está mudando o perfil da adoção no Brasil. Há alguns anos, a maioria das pessoas que preenchiam o Cadastro de Pretendentes para Adoção fazia questão de bebês de pele clara. Nos últimos anos, porém, essa exigência vem sendo deixada de lado. Dados do Cadastro Nacional de Adoção (CNA), da Corregedoria Nacional de Justiça, apontam que o número de aspirantes a pais que só aceitam crianças brancas caiu de 38,73% em 2010 para 22,56% neste ano. Já o número de candidatos que aceitam crianças negras subiu de 30,59% para 46,7% e os que aceitam crianças pardas cresceu de 58,58% para 75,03% no mesmo período. No Paraná essa tendência de mudança é forte, pois de acordo com dados do CNA, é o terceiro estado brasileiro onde mais foram adotados negros e pardos entre 2008 e 2016, com um total de 307 adoções. O Paraná só fica atrás de São Paulo, com 413 crianças negras e pardas adotadas no período, e Pernambuco com 333.
   Essa conscientização dos candidatos a pais adotivos não é por acaso. Há muitas entidades trabalhando por essa mudança de padrão. Elas estão ligadas à Associação Nacional dos Grupos de Apoio à Adoção.  São pessoas que se empenharam durante 20 anos em estimular a adoção inter-racial, um trabalho de inclusão muito importante. Mas agora, o desafio é outro: incentivar a adoção de grupos de irmãos e de crianças com problemas de saúde.
   A divergência entre a realidade dos abrigos e o perfil do filho desejado é o motivo pelo qual a fila de adoção é extensa e nunca chega ao fim. Nos abrigos de Londrina existem atualmente 87 crianças e adolescentes à espera de uma família e 200 casais habilitados. A maioria dos abrigados tem mais de cinco anos ou são grupos de irmãos. 
   Seria muito importante que os casais habilitados para adoção e que estão na fila de espera pelo filho tão desejado e querido entendessem que, assim como acontece com o filho biológico, a criança não é escolhida. Basta ver os relatos de felicidade de quem aceitou a adoção independente da idade ou da cor da pele da criança. É muito preocupante perceber que grande parte dos órfãos nunca será adotada e passará uma parte tão importante da vida dentro de um abrigo. E ao completar 18 anos, quando o Estado diz que eles viraram adultos, acontece o enfrentamento de uma nova realidade. Seria um segundo abandono? ( FOLHA OPINIÃO folhaopiniao@folhadelondrina.com.br segunda-feira, 30 de maio de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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