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sexta-feira, 27 de maio de 2016

DESCASO COM A SAÚDE PÚBLICA


   Em 2012, o governo federal lançou o Plano de Expansão da Radioterapia no Sistema Único de Saúde (SUS), comprando 80 aparelhos para serem distribuídos para 23 estados. Quando foram adquiridos os equipamentos, já havia previsão de longa demora para entrada em funcionamento (dois anos), levando em consideração a dificuldade que o poder público tem de licitar uma obra e construir. Estamos falando em salas para instalação dos aparelhos e não em hospitais complexos. O ano é 2016 e até agora nenhum dos espaços foi inaugurado, apenas dez estão em construção. No Paraná, de sete unidades inclusas no plano de expansão, apenas a do Hospital Erasmo Gaertner, em Curitiba, teve a reforma iniciada. Os outros seis centros, localizados em Curitiba, Londrina, Arapongas, Campo Mourão. Guarapuava e Campina Grande do Sul, têm início previsto para o fim deste ano, com estimativas de conclusão entre agosto de 2017 e março de 2018. A justificativa do Ministério da Saúde é o de sempre: o atraso se deu na elaboração de projetos para reforma dos hospitais que receberão os equipamentos. Com tamanho descaso, nem parece que o Brasil tem um deficit gigantesco na oferta de aparelhos de radioterapia para os pacientes que fazem tratamento do câncer pelo SUS. Enquanto a organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza uma máquina para 300 mil habitantes, o Brasil só tem 269 equipamentos, significando, uma para cada grupo de 750 mil moradores. A região Sul tem o menor deficit, com um acelerador linear para 525 mil pessoas ,  em contraste com a Região Norte, que tem apenas 9 equipamentos e proporção de quase 2 milhões de pessoas por aparelho. Na oncologia, tempo é fator decisivo para sobrevivência do paciente. Atualmente, a estimativa é que 60% dos pacientes com câncer no País precisem da radioterapia. O câncer é a segunda causa de morte no mundo, atrás apenas das doenças cardiovasculares, de acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca). No Brasil, são 190 mil óbitos por ano e a previsão é de que 600 mil novos casos sejam registrados em 2016, . Esse projeto de expansão na oferta de radioterapia é muito importante, mas é inaceitável toda essa demora. Quando o processo terminar, já estará defasado, pois enquanto as obras caminham lentamente no SUS, a doença avança rapidamente. ( FOLHA OPINIÃO opiniao@folhadelondrina.com.br página 2, sexta-feira, 27 de maio de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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