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domingo, 17 de abril de 2016

IMPORTÂNCIA DA CONSERVAÇÃO DO SOLO


   O Dia Nacional da Conservação do Solo comemorado ontem (15/4), é uma data importante para data para refletir como estamos usando e manejando esta que é uma de nossas maiores riquezas: o solo. Os impactos negativos da ação humana sobre o solo e a água intensificam-se no País, ainda que a ciência brasileira tenha avançado em conhecimento e na apresentação de soluções técnicas para a mitigação do problema. 
   A Ciência do Solo brasileira historicamente tem produzido conhecimentos capazes de gerar tecnologias que apontam para as melhores formas de manejo do solo, garantindo o aumento de produção aliado à conservação das terras agrícolas, dando suporte aos produtores e à sociedade em geral para a utilização adequada, recuperação e preservação do solo, da água e da biodiversidade.
   No entanto, a conservação do solo e da água na agropecuária brasileira permanece como um grande desafio frente a degradação presente.
   Estudos recentes, publicados no Brasil, ( Telles et. AI. 2011) apontam estimativas do custo da erosão em terras agrícolas, ocorrida no período entre 1993 e 2010 no Estado de São Paulo, para valores da ordem de US$ 212 milhões/ano. No Paraná, os mesmo autores estimam perdas na ordem de US$ 242 milhões/ano causadas pela erosão. A ocorrência desses processos erosivos em terras agrícolas tem origens e causas variadas, mas de maneira geral refletem dificuldades na integração de esforços para o seu controle. 
   Tecnologias conservacionistas como o plantio direto na palha, que hoje é praticado em mais de 80% das áreas cultivadas com grãos no Brasil e que, num passado recente conseguiram frear processos erosivos acentuados, por simplificação ou uso inadequado, não tem tido efetividade suficiente para controlar processos erosivos recorrentes na maioria dos estados brasileiros. 
   Dados de pesquisas recentes reafirmam que a maior cobertura do solo reduz perdas da água, terra e matéria orgânica (Dechen et.AI.; 2015). Por outro lado, os autores apontam também que a coberta deficiente do solo nos cultivos anuais podem ocasionar perdas de 616 milhões de toneladas de terra ao ano no Brasil, com custos associados na ordem de US$ 1,3 bilhão ao ano. Mas então, onde está o caminho para a solução? 
   O caminho vem da constatação de que o problema vai além da Ciência do Solo. A solução para a conservação do solo e da água passa por uma rede de tecnologia e inovação, conexões entre ciências e atores sociais, econômicos e políticos que necessitam de mudanças profundas em sua forma de agir e interagir. É preciso participação efetiva do poder público através da realização de programas de conservação de estradas rurais, de financiamento de obra de conservação de erosão, da oferta de treinamento continuado a produtores e técnicos. 
   É preciso conectar o público e o privado, através da realização de eventos regionais que possibilitem a integração entre produtores, consumidores e poder público, para que se possam estabelecer objetivos comuns de conservação do solo e água. É preciso mais investimentos na pesquisa científica, no ensino técnico e superior e na educação básica das novas gerações. É preciso divulgar conhecimentos, garantir seu aprendizado para que o processo da inovação aconteça. 
   É preciso estimular as boas práticas de uso e conservação do solo e demais recursos naturais; garantir a segurança alimentar através de políticas públicas voltadas para os produtores e para a sociedade brasileira; aplicar com imparcialidade a legislação ambiental brasileira, tidas como uma das mais completas do mundo. Se a conexão destes e de outros atores com a rede complexa da ciência, o eficiente manejo e o efetivo processo da conservação do solo e água pode não acontecer, abrindo espaço para a erosão e a degradação dos nossos solos avancem. ( ARNALDO COLOZZI FILHO, pesquisador em microbiologia do solo e área de solos do Instituto Agronômico do Paraná em Londrina, página 2, ESPAÇO ABERTO, sábado, 16 de abril de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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