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quinta-feira, 14 de abril de 2016

HÁ ALGO DE PODRE NA POLÍTICA BRASILEIRA


   “O sistema político partidário do País  está apodrecido pelo abuso do poder econômico.” A afirmação do procurador Carlos Fernando dos Santos Lima , da força-tarefa da Operação Lava Jato, dá peso ao que todo mundo sabia. A declaração foi feita durante a coletiva de imprensa da 28ª fase da Lava Jato, deflagrada na última terça-feira, e ganhou peso porque teve o caráter de conclusão de quem investiga há dois anos o maior escândalo de corrupção do Brasil. Nessa última fase, e ex-senador Gim Argello (PTB-DF) foi preso preventivamente. As denúncias são de que ele cobrava propina para evitar convocação de empreiteiros em comissões parlamentares de inquérito sobre a Petrobras. Gim era membro da CPI no Senado e Vice-presidente da CPMI, da Câmara e do Senado. O político foi citado nas delações do senador Delcídio do Amaral e do dono da construtora UTC, Ricardo Pessoa. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), Gim teria pedido R$ 5 milhões para a UTC e mais R$ 350 mil para outra empreiteira,  a OAS. As duas são alvo da Lava Jato. Para os brasileiros que, a partir do escândalo da Petrobras, passaram a conhecer o termo “corrupção sistêmica”, agora tem mais uma expressão para debater: “corrupção ao quadrado”. Foi dessa forma que os procuradores definiram o modo de agir do ex-senador. Uma corrupção qualificada, desencadeada para cobrir um outro crime de corrupção. E tudo isso aconteceu mesmo depois de iniciada a Operação Lava Jato. Não é a primeira vez que os membros do Ministério Publico Federal (MPF) flagram o atrevimento dos corruptos e corruptores em continuarem praticando o crime mesmo após o escândalo envolvendo a Petrobras se transformar em pauta nacional e internacional. Um atrevimento de proporções incontroláveis, quando se pensa que enquanto se julgava o Mensalão, o Petrolão corria solto. Diante das declarações do procurador federal, impossível não refletir sobre as considerações de Nicolau Masquiavel e tantos outros sobre poder e Estado. Ou buscar nas palavras de um personagem mais recente da política brasileira, Ulysses Guimarães, a explicação para uma situação tão vergonhosa. O deputado federal, morto em um acidente aéreo em 1992, dizia que o poder não corrompe o homem, mas é o homem que corrompe o poder. “O homem é o grande poluidor da natureza, do próprio homem, do poder. Faz bem analisar as palavras do Dr. Ulysses, principalmente quando se está quase perdendo a fé na classe política. ( FOLHA OPINIÃO opiniao@folhadelondrina.com.br página 2, 14 de abril de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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