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segunda-feira, 25 de abril de 2016

AMOR NOS TEMPOS DO ÓDIO



   1-A mais dura tarefa do Brasil nos próximos tempos não será reconstruir a economia, vencer a corrupção, desmascarar a ideologia ou retomar o desenvolvimento; será amar e perdoar. O governo roubou muitas coisas, mas o pior roubo foi a nossa capacidade de amor e perdão. A organização criminosa dilapidou o orçamento da União, o orçamento das famílias, a Petrobras, o BNDES, o futuro do País? Claro que sim! Mas o pior foi roubar nossas amizades, foi dividir nossas famílias, foi colocar-nos uns contra os outros. E pensar que ainda temos doutores acadêmicos, pagos com dinheiro público, defendendo o marxismo e a luta de classes! 

   2- Nos últimos 13 anos, diante de uma elite de psicopatas voltados exclusivamente ao poder, nossos corações ficaram endurecidos, essa é a triste verdade. Por isso, antes de ser misericordiosos, será preciso entendermos em que consiste o perdão, uma das bases do cristianismo.

   3- O perdão só pode ser concedido àqueles que realmente desejam ser perdoados e mudar de caminho. Não se perdoa aquele que pretende persistir no erro. Não se perdoa aquele que não pede perdão. Não se perdoa aquele que não perdoa. Se alguém cospe no seu rosto e pede desculpas, merece ser desculpado. Mas do que adianta desculpar o sujeito que volta a cuspir assim que lhe perdoam a primeira cusparada? Não existe perdão sem arrependimento sincero. Perdão sem mudança não é perdão: é impunidade, é fingimento, é farsa. 

   4- Em minha vida de cronista, tenho recebido muitas de manifestações de amor e carinho – e algumas de ódio e desprezo. Felizmente, as primeiras são bem mais numerosas. Ontem mesmo, estava eu caminhando pela rua quando uma psicóloga estacionou o carro só para me dizer que era leitora da Avenida Paraná. Um dia antes, uma jovem estudante fizera algo oposto: exigira minha imediata demissão da FOLHA, chamando-me de “nojento” e “fascista”. Ela nem imagina quantas vezes já pediram minha cabeça ao longo dos anos... 

   5- A partir do momento que deixei a esquerda, renunciando à mentira e à autocensura, ganhei muitos amigos, mas também fui alvo de inúmeras incompreensões. Quando decidi nunca mais aderir aos clichês e fingimentos ideológicos que quase me levaram à morte, sabia o que estava fazendo. Sabia que muitos me considerariam “traidor da causa”, “papa-hóstia”, “vendido ao sistema” e “lacaio do capitalismo”; Na verdade, a única coisa que eu traí, ao me libertar, foi a própria traição. Considerem o que faço hoje como uma delação não premiada das mentiras que acreditei um dia. 

   6- Se quisesse agradar a todos, teria de mentir. E viver na mentira, para mim, seria hoje uma morte-em-vida. Não será esta a última vez que pedem a minha cabeça de “fascista nojento”; mas também não será a última vez que me param na rua para dizer: - Continue, Paulo! 

   7- A todos, os que me amam e os que me odeiam, uma ótima semana.( FONTE: Fale com o colunista: avenidaparana@folhadelondrina.com.br página 5, FOLHA GERAL, segunda-feira, 25 de abril de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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